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O Botafogo é assim...
Que semana, amigos alvinegros! Talvez uma das semanas mais Botafogo do ano. O amor e o ódio, a vontade de desistir e persistir. O sonho, o retorno à realidade e a vontade de voltar a sonhar. A depressão e a alegria. As dúvidas e as certezas, os “poréms” e os “de fato”. O clube e a sua torcida. A vaia e os aplausos. O Botafogo e... O Botafogo. Único, inexplicável. Irreverente, cômico, revoltante, emocionante. Claro e escuro, simples e profundamente complexo. Se pudéssemos transformar a palavra contradição em uma personagem ela certamente vestiria preto e branco.
Vencer São Paulo e Sport transformou o que era apenas uma batalha para se manter na primeira divisão em esperança de G-4! Sim, pois com o jogo atrasado contra o Grêmio, a evolução da equipe, a inspiração de Sassá... Eram muitos os motivos, mesmo sem haver motivo concreto algum. Era “só” vencer o Atlético-PR fora de casa e fazer o dever no Rio de Janeiro diante do time gremista. E quem disse que o Botafogo não jogou bola para vencer no Paraná? E quem falou que o time de Jair Ventura não dominou o jogo, não colocou bola no travessão, não teve oportunidades claras? Quem apenas lê esse texto e não assistiu ao jogo deve imaginar que o alvinegro trouxe três pontos. Mas não existe obviedade quando o assunto é Botafogo. O “iluminado” Sassá perdeu gols incríveis, e o Glorioso levou um gol com seis minutos de jogo. Em cobrança de escanteio! No primeiro pau! Parece piada. Parece Botafogo. Derrota amarga no Sul.
Atenções voltadas, claro, para a Copa do Brasil. O Botafogo não tem elenco para duas competições, mas tem camisa. Tem história. E isso é o suficiente para obrigar a equipe a lutar por qualquer título que seja. Mesmo que, para tanto, seja necessário transformar realidade em “surrealidade”. O botafoguense sabe fazê-la como poucos. E o Botafogo também. O alvinegro fez um jogo razoável até a página três. Na um, dominava a partida a ponto de abrir o placar; Na dois, leva um empate a partir de um pênalti bisonhamente cometido por Renan Fonseca. Na página três Sassá tem um gol mal anulado. Nas demais páginas, a história que poderia ser de romance transforma-se em tragédia.
O cenário que poderia anunciar casa cheia na sequência do Brasileiro, depois de uma hipotética vitória sobre o Cruzeiro, rapidamente se transformou. A euforia e a esperança deram lugar à pressão. O Botafogo teve culpa, Jair Ventura também. Insistiu demais com Renan Fonseca, mesmo com o recuperado Carli no banco. E os erros da defesa foram decisivos para as derrotas contra Atlético e Cruzeiro. Passou. A luta no Campeonato Brasileiro reservava novos capítulos. Mas sem o “prefácio” que poderia existir... Se o Botafogo fosse um clube normal! Não é. Nunca foi. Talvez nunca será.
Sinceramente quando o Botafogo enfrenta um adversário que briga por título não há temor. A camisa alvinegra parece querer lembrar nestes momentos à sua gente o quanto pesa. É esse álibi que sustenta o amor incondicional dos escolhidos. Se havia dúvida sobre os efeitos da derrota para o Cruzeiro ela foi desfeita rapidamente. Organizado, disposto, atento e um pouco mais inspirado, o Botafogo começou a construir a vitória com uma pintura. Talvez de seu jogador mais qualificado, mas que vinha sendo cobrado pelas atuações abaixo do que pode render. Camilo, Camito, “Caloi”. Que bicicleta, talvez, com pedaladas que destinem ao prêmio Puskas no final do ano! O time pegou carona, manteve a pegada, e chegou ao segundo com Sassá.
Na defesa, Joel Carli, novamente – e finalmente – titular, ganhava todas pelo alto. Dudu Cearense entrou muito bem no lugar de Fernandes, e até mesmo Bruno Silva fez um bom jogo. Neilton, Airton, Victor Luiz... Todos muito bem! Um grande jogo de Luís Ricardo, e Sassá novamente iluminado. Apenas Pimpão ainda muito abaixo dos demais. Um contexto de 2x0, jogo praticamente ganho, controlado... Não é Botafogo!
Todo alvinegro que se preze já estava esperando um golzinho do Grêmio para complicar a partida. É típico! E ele aconteceu, do nada, a partir de uma bobeada que poderia ter sido facilmente evitada. Mas parece ser sempre necessário lembrar ao botafoguense que nada é simples. Ou, dependendo do ponto de vista, não deixá-lo esquecer que a luta para alcançar os objetivos nunca será fácil.
P fato é que, se mantiver a organização e a disposição, o Glorioso permanecerá na elite nacional. É o mínimo, é o básico. Mas é o que temos para 2016. Ah! E só para voltar à questão da contradição: enquanto comemorava a vitória, o torcedor alvinegro recebeu a notícia de Luis Ricardo, que fraturou o tornozelo e está fora do restante da temporada. A equipe perde um de seus jogadores mais regulares e importantes. Vibra com a vitória ou lamenta a lesão? Os dois, na mesma intensidade. Tragédia e glória convivem perfeitamente desde 1904 quando o assunto é Botafogo.
Saudações alvinegras, e até a próxima!
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