O antigo e o atual

domingo, 19 de junho de 2016

O Botafogo jogou como o antigo, mas perdeu como o atual. Quem esperava uma goleada ou um passeio do Corinthians certamente se esqueceu que do outro lado estava uma das 12 camisas de mais peso do futebol mundial (de acordo com a classificação da FIFA, vale sempre ressaltar para os rivais “desavisados”). Não importa quem representa, mas a instituição jamais perde a grandeza. O que não garante vitória, óbvio. Viver apenas da história construída não vai resolver os problemas do presente, tampouco solucioná-los a médio prazo, projetando o futuro.

Até o começo do jogo, o Botafogo era o único dos 12 grandes do Brasil que nunca havia perdido na Arena do adversário, e sustentava uma invencibilidade considerável contra o rival. Marcas que pouco representam, mas que poderiam respaldar a garotada para o desafio diante do atual campeão nacional. Se interferiu ou não, o fato é que a postura do Glorioso nos primeiros minutos foi interessante. Com a marcação encaixada e sem dar espaços, impôs dificuldades. Restava rezar por um lance inspirado de algum jogador alvinegro. E ele aconteceu, mas a favor do preto e branco paulista. O chute de Bruno Henrique denunciava a principal diferença entre as duas equipes: a qualidade.

Não é de hoje que o torcedor botafoguense sofre e cobra por jogadores de melhor nível técnico. Dentre as revelações, talvez Leandrinho seja a que mais se aproxima do que a camisa exige. Dos pés dele, o gol de empate que recolocou o Botafogo no jogo. A partir desse momento, alguns lampejos do verdadeiro clube Mais Tradicional do país. Aquele que não escolhia estado, estádio, país. Que entrava em campo e fazia tremer o adversário, ao ver o manto listrado em preto e branco na vertical, com a inconfundível Estrela Solitária no lado esquerdo do peito. Com domínio, posse de bola e marcação encaixada, houve domínio. Há de se observar que a bola na trave de Yaca Nuñez também lembra o Botafogo de sempre. Para o bem e para o mal. Mas não pode o jogador que veste a número sete perder um gol como o que Neilton perdeu. Qualquer outro sete de nossa história faria.

O antigo Botafogo deu lugar ao atual no segundo tempo. O time da organização, da falta de qualidade e dos cochilos da defesa. O segundo gol do time paulista foi semelhante ao de um churrasco de final de ano. O terceiro, então, com um jogador completamente livre de marcação, nem merece comentários. O organizado, porém limitado Botafogo teve algum volume, mas não a competência para empatar quando perdia por um gol de diferença. Por esse motivo amargou mais um revés. Entre o antigo e o atual, sobra a realidade da zona de rebaixamento.

Não há muito mais o que escrever. Falta inspiração até para compor um texto. Falar sobre o Botafogo de Ricardo Gomes, dentre elogios e críticas, é redundante. Todo mundo sabe o que se tem e o que se precisa. É consenso que o número de desfalques é excessivo, bem como existe a expectativa pela entrada dos novos contratados. O dia 20 está chegando. O mistério sobre o patamar que o time pode alcançar com os reforços está perto do fim. O medo do “muito pouco” se mistura à esperança do “bem melhor”. De qualquer forma, o Botafogo atual está a anos luz de distância do antigo. Triste realidade. Mas é a realidade. O antigo e o atual... O merecimento e o sonho... O verdadeiro Botafogo e o Botafogo de agora... Vivamos e aprendamos com 2016. Não há outro jeito.

Saudações alvinegras, e até a próxima semana.

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