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Mais do que certo...
Não. Definitivamente nunca. Eles jamais vão saber o que significa carregar a Estrela Solitária no lado esquerdo do peito, revestida pelas tradicionais listras verticais em preto e branco. O alvinegro Mais Tradicional, que carrega as duas cores básicas que são capazes de ofuscar qualquer aquarela. Eles sequer terão ideia do que é torcer pelo Botafogo, pois esse é um privilégio que cabe apenas a quem é escolhido. Graças a Deus por isso! Graças aos Deuses! Graças a Garrincha, Nilton Santos, Túlio Maravilha e tantos outros. Graças a Manga, que em meados dos anos 60 já sentenciava que o “bicho é certo.”
O bicho é certo. Sempre foi e assim sempre será. Até quando não é. Só não foi quando houve interferências externas. Mas uma certa cavadinha tratou de recolocar as coisas no devido lugar, com requintes de crueldade, nobreza e uma boa dose de humilhação. O bicho é certo, assim como a preferência da mídia pelo outro lado durante a semana do clássico. É sempre assim: nos noticiários esportivos, 90% do tempo é pra eles, e 10% para nós. Assim como a proporção de torcedores no Maracanã no último sábado.
Conceitos, preferências, tentativas de menosprezo e desrespeito com uma das 12 maiores instituições de futebol de todos os tempos (FIFA). Mas quando a bola rola todas as mentiras caem por terra. Os 10% engolem os 90%, e os repórteres são obrigados a reconhecer que não existe nada mais brilhante do que aquela Estrela. Ela mesma, a Solitária, que sempre tirou o sono do maior ídolo da história deles. Mas pasme, eu esqueci o nome desse jogador. Fui procurar na lista de campeões da Copa do Mundo e não encontrei. Peço perdão pelo ato falho.
De fato quantidade nunca foi sinônimo de qualidade. Se eles do lado de lá comemoram diversos títulos questionáveis conquistados, sobretudo na década de 80 (até então... Não existia até, muito menos então), aqui desde 1904 existe uma história. E ela merece ser reverenciada. O número de troféus é suficiente para ser reconhecido por todo o planeta, em qualquer lugar, como um dos gigantes do futebol mundial. É isso que os intriga, e que jamais entenderão. Do lado de lá foi preciso envolver outras coisas, emissoras, mudar nome de campeonato, boicotar o Sport, dizer que o planeta terra possui dois continentes apenas. Uns vivem de mentiras, enquanto o alvinegro vive de paixão.
Dentro do estádio só se ouviu o lado preto e branco. Dentro de campo o alvinegro definiu a estratégia de esperar pelo adversário. E ele veio, mas esbarrou numa barreira que tem como pilares Joel Carli e Airton. Como joga o argentino! Como joga o melhor primeiro volante do campeonato! E quando a bola insiste em transpor a melhor defesa do segundo turno, há um certo Sidão na meta. Faltava então segurar um pouco mais a bola no ataque. Com Neilton pouco inspirado, o Botafogo passou a agredir mais quando Pimpão entrou no jogo na etapa final. Camilo teve com quem dialogar, e ganhou nova companhia com a entrada de Diogo.
Sem ser tão ameaçado, apenas vez ou outra sem grande perigo, as duas bolas do jogo estiveram nos pés de Pimpão. Este que vos escreve confessa que lamentou, gritou e xingou, principalmente no segundo lance. Mas sinceramente não há como reclamar de Pimpão. Pela entrega, pelo bom jogo que fez, pelo fato de vestir a camisa e gostar do clube. Especialmente por ter resolvido, por exemplo, os jogos contra Vitória e Santa Cruz. Seis pontos que nos mantêm com um pé na Libertadores do próximo ano. Limitações à parte, obviamente, Pimpão tem crédito. Assim com todo o time! Os jogadores lutam, superam limitações, honram a história e a tradição alvinegra. Lá se vão dois anos sem ser derrotado pelo lado vermelho. Tudo dentro da normalidade.
No dia seguinte ao clássico, domingo, levantei depois de um sono absolutamente tranquilo, sem sentir cheirinho algum, e vesti o manto alvinegro. Mas confesso que não fui à feira. Eu havia feito as compras na semana anterior, pois sabia que o clássico estava por vir. E como o bicho é mais do que certo...
Saudações alvinegras! A América se aproxima...
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