Juiz de Fogo

sábado, 02 de abril de 2016

E nesta semana o Botafogo jogou no sábado e atuará também na próxima terça-feira! Mas fiquemos tranquilos, amigos alvinegros. São jogos pelo campeonato carioca e pela Copa do Brasil. Tudo dentro da normalidade para um dos 12 maiores clubes de todos os tempos, segundo a FIFA. Ou quase tudo.

Juiz de Fora. Ou Juiz de Fogo. Uma cidade que respira Botafogo, e que fez o torcedor botafoguense viajar ao tempo da tal normalidade no estádio Radialista Mário Helênio. Sim, pois a história mostra que dividir o estádio com eles sempre foi natural. Deixou de ser, principalmente, depois da sequência de títulos que a arbitragem ajudou a encaminhar para a Gávea. Tantas e tantas vezes o Maracanã ficou metade alvinegro e metade rubro-negro durante os anos de jejum de títulos, entre 1968 e 1989... Mas, mesmo quando fomos minoria, sempre cantamos mais e fizemos a festa mais bonita. Não foi diferente em Minas Gerais, onde também tivemos as arquibancadas praticamente divididas ao meio.

Juiz de Fogo... Juiz de Fora... Juiz de fora mesmo? O velho conhecido Luiz Antônio Silva Santos, o “Índio”, estava escalado para apitar. E com ele sempre tem polêmica... Sempre contra o Botafogo. Não me venha dizer que ele teve um lapso de memória e pensou que Arão ainda defendia o alvinegro quando o volante praticamente “jogou vôlei” na grande área. Sem contar as inúmeras faltas que deixou de marcar a favor do Glorioso, e tantas outras que assinalou nas proximidades da grande área a favor do adversário – umas duas ou três já no final da partida. Que seja. Aqui não tem chororô inventado pela mídia. Jamais sentamos em campo como o nosso rival. Mas é fato que o bicho seria certo sem os erros da arbitragem.

Contudo, o apito não foi o principal motivo para o Botafogo não conquistar os três pontos. A equipe fez um jogo dentro do próprio padrão, mas na visão deste colunista pecou em alguns aspectos onde até então era quase impecável. O Renan Fonseca esteve numa péssima tarde. Nas costas do “barba” o rival criou as principais chances de gol. No segundo, por exemplo, Cirino, que estava sob sua responsabilidade – uma vez que Carli cuidava de Guerrero – subiu sozinho. Apenas uma dentre outras falhas graves. Teve o recuo mal feito para Jéfferson, o cochilo na arrancada de Cirino, onde Diogo salvou a finalização quase em cima da linha... Enfim. Um jogo para o Renan esquecer.

É fato que o Botafogo perdeu poder de marcação sem Airton. E arrisco dizer qualidade na saída de bola. Fernandes não foi mal, mas também não foi tão bem. A diferença é que Airton tem jogado muito bem. Hoje não é “fácil” substituí-lo. Estranhamente, o alvinegro parece ter cansado mais do que o rival. Ou simplesmente aceitou a pressão depois que fez 2x1, uma vez que a posse de bola foi quase toda do adversário.

Que falta qualidade no ataque todo alvinegro sabe. Não é criticar o Ribamar, pelo contrário. A cada jogo o garoto comprova o seu potencial. Mas ainda não é o momento do Riba assumir essa responsabilidade. Ele e o Salgueiro apenas não são o suficiente para atender as necessidades ofensivas da equipe. Salgueiro, aliás, é muito bom jogador e ajudará demais o time de Ricardo Gomes na temporada. Mas desde que tenha a quem servir. Sem conseguir ficar com a bola ou matar a partida em um dos poucos contra golpes, o Botafogo “aceitou” as investidas do mais comum e acabou cedendo o empate. É bom ressaltar que os dois gols feitos surgiram de erros da defesa rival, sem tirar os méritos do alvinegro, claro. Mas tudo está dentro de uma normalidade quando analisamos o “Botafogo que temos”.

De fato, passada a primeira temporada de clássicos, o balanço é positivo. Houve apenas uma derrota, onde merecia ter vencido inclusive. Nos demais, no mínimo, houve equilíbrio com o adversário. Sem contar a superioridade sobre Fluminense – nas duas partidas – e Vasco no segundo jogo. O Botafogo de hoje já supera as expectativas que o torcedor tinha antes do início do campeonato. Ricardo Gomes consegue extrair o máximo de seus jogadores, e montar um time capaz de ser competitivo aproveitando as características de cada um deles. Só não é melhor porque realmente não há possibilidade. Talvez se Neilton ou Lizio renderem o esperado... Mas não há tempo para essa espera. A conclusão, cada vez mais clara, é que para evoluir é preciso contratar.

Dentro desse contexto, e projetando que o Botafogo vença os dois jogos restantes contra pequenos, preocupa a necessidade do algo mais nas semifinais. Daquele jogador que desafiará o comum, e transformará a organização e identidade do time de Gomes em real preocupação para o adversário. Do talento que o alvinegro ainda não possui no elenco, e que precisará encontrar no mercado para a sequência da temporada.

É bom ressaltar, entretanto, que essa deficiência não impossibilita a conquista do título carioca. Pelo contrário. A trajetória gloriosa mostra que a superação acompanha a camisa Mais Tradicional do país exatamente nesses momentos. Ganhamos muitas com times ruins e deixamos de vencer várias outras com verdadeiras seleções. É o Botafogo que não se entende ou se explica, mas se aceita e se vive. O Gigante que lota estádios em outros estados, em qualquer cidade do país. No Rio, no Espírito Santo, no Nordeste, em Juiz de Fora. Em Juiz de Fogo. A Estrela Solitária brilhará mais do que qualquer outra coisa onde ela estiver.

Saudações alvinegras! Seguimos a nossa caminhada rumo às semifinais, e iniciamos também a busca pela Copa do Brasil. Fogo neles! E até a próxima semana...

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