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Exigir demais atrapalha?
Sim, caros amigos alvinegros. Estava demorando. Como acontece sempre, em todas as temporadas, quando nós achamos que não há motivos para se preocupar, aparece uma crise. Ou então aparecem com uma crise. Mesmo quando disputamos o título brasileiro cria-se algo para desestabilizar o clima em General Severiano. Quem não se lembra das “desavenças” entre Oswaldo de Oliveira e Seedorf? Será que realmente existiram? Tenho as minhas dúvidas.
Digo isso porque “nunca” há crise em outros clubes do Rio de Janeiro. O Flamengo, clube que mais investiu, manteve treinador e elenco para 2015, foi eliminado do Campeonato Carioca pelo Vasco. E jogando mal. Nos dias seguintes, qual a manchete? “Administração do Flamengo é exemplar, é destaque em revista internacional!” Simplesmente ignoraram o fracasso no campo. E elogiaram uma diretoria que investe 41 milhões de reais em um contrato de três anos com Guerrero (!!!) e que troca treinadores (inclusive os despreza em alguns casos) como quem troca de roupa. Mas é o time da conveniência, e por isso, as notícias sempre são positivas.
Voltando ao que interessa, o Botafogo ainda lidera o Campeonato Brasileiro da série B, mas está tudo embolado. A pontuação nem é o mais importante agora, restando dois terços da competição. O que preocupa na verdade, neste momento, é a queda de produção. Roger Carvalho não voltou bem de contusão, e Giaretta – limitado tecnicamente, todos sabem – não encontrou o espaço dele no meio-campo. Arão caiu muito de produção, e Carleto precisa aprender a marcar. Desorganizado no sistema defensivo, hoje o Glorioso depende muito da individualidade de Pimpão, da estrela de Luis Henrique e da segurança excepcional de Jéfferson (e tem gente que ainda o questiona... devem ser os mesmos que cogitaram a convocação de Paulo Victor em uma época recente – piada!). Pouco. Muito pouco. O aproveitamento é de 33% nas últimas cinco partidas. Péssimo, é verdade. Mas talvez esse pouco já tenha sido “muito”. Ou pelo menos suficiente.
Acontece que o nível de exigência do torcedor de um dos 12 maiores clubes de todos os tempos (FIFA) é alto. Pra nós não basta “ser o melhor representante do Rio na série A”, como alguns têm se vangloriado, mesmo em dívida com a série B. Não dá pra ser diferente. Mas TEM que ser diferente, pelo menos até o final desse ano. Talvez exigir demais atrapalhe. E, em minha opinião – sei que alguns vão discordar – já atrapalhou. Vou dizer sem medo de errar e de ser cornetado: Bill e Marcelo Mattos fazem falta. Não fariam a nenhum clube da série A e nem ao Botafogo em condições normais. Mas HOJE fazem.
Ambos tinham o espírito de série B. Tecnicamente limitados, mas esforçados. Segunda divisão não é toquinho bonito na bola, golaço, show. É três pontos! É guerra! E quanto mais rápido ela for vencida melhor. Não quero chegar ao final do ano lembrando as grandes atuações da equipe. Desejo apenas voltar para o meu lugar, que é a elite do futebol nacional. Depois a gente avalia a qualidade, quem pode ou não permanecer em 2016. Sem Mattos, o meio-campo desarrumou e a marcação desandou. O Bill seria um excelente reserva para o Luis Henrique, ou então uma peça para revezar com o garoto. Nesse jogo de Bragança Paulista, por exemplo, um atacante de força, como o Bill – mesmo com todas as limitações técnicas, que são inúmeras – teria ajudado. Resolvido eu não garanto. Mas quem resolveu o que?
As críticas dos alvinegros devem ser direcionadas e construtivas. Não adianta, por exemplo, começar a “malhar” o Thomas – que realmente não é jogador para time grande – se ele é sacrificado na marcação para cobrir o Carleto. Nesse caso, seria melhor questionar o revezamento de jogadores feito por Renê Simões, que em alguns momentos é necessário. Mas em excesso atrapalha. Após o jogo, ele disse que “coisas incríveis estão acontecendo”. Bem vindo ao Botafogo.
Amigos alvinegros, assim com vocês, eu não vejo a hora desse pesadelo acabar. Time grande cai sim senhor, e volta no campo. Não vira a mesa e nem é protegido por interesses de terceiros para encher a boca e dizer que nunca caiu. Mas que é ruim, cá entre nós, é. Contudo devemos ter paciência, apenas por mais 26 rodadas. Cobrar sim, mas com sabedoria, de maneira construtiva. Depois a gente exige o nosso Botafogo de volta. O Gigante Botafogo, respeitado no mundo inteiro. Nesse meio tempo precisamos duplicar o nosso amor pelo Glorioso. Cantar cada vez mais alto, do fundo do coração e com a alma. Fazer o sangue alvinegro ferver pela nossa sobrevivência!
Que venham a Copa do Brasil e a sequência da nossa caminhada de retorno. Ninguém nos cala! Jamais!
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