Estamos com vocês!

quarta-feira, 03 de maio de 2017

Esse 3 de maio está estranho. Parece que a noite do dia 2, de tão mágica eu se anunciava, sequer existiu. Das arquibancadas para fora sim, das cadeiras para dentro não. Houve comunhão, mas não houve casamento. O combustível de cada um dos alvinegros incendiou o estádio, que se transformou em uma brilhante constelação guiada pelo escudo – e pelos escudos – mais bonito do mundo.

Maravilhoso fora das quatro linhas, nem tão belo assim com a bola rolando. Que noite maravi... Trágica! Nem tanto, vai! Não sei. Ainda não entendi. Tentei, confesso, mas fiquei confuso ao cantar o hino no final do jogo. Senti a mesma emoção que sentiria ao levantar uma taça! Paixão que supera qualquer razão! Isso é Botafogo! Mas nós não vencemos. E daí? Como assim e daí?

Daí que o Botafogo perdeu a oportunidade de conquistar uma vaga nas oitavas de final da Libertadores. Ano passado o time deixou para a última rodada, contra o Grêmio, para carimbar o passaporte para a competição. Na Pré-Libertadores deixou de construir vantagens maiores diante de Colo-Colo e Olímpia. Na rodada anterior da fase de grupos, deixou de bater o Barcelona, no Equador, tamanha a quantidade de chances desperdiçadas. Ontem deixou a entrega e o suor em campo, mas não deixou o gramado com os três pontos. O cenário da Guayaquil se inverteu. Deixa quieto. Deixa pra lá. Mas que não se deixe de observar questões importantes.

Na opinião deste que vos escreve, não dá para atuar com três atacantes e apenas um volante de contenção. Tá certo que o lateral direito, na verdade, era um zagueiro, que o Pimpão recompõe como meia, que o João Paulo também é volante, embora com capacidade de marcação reduzida... Também não dá para desprezar a grande atuação do adversário, e a noite para ser apagada pelo sistema defensivo alvinegro. Contudo, a lição foi aprendida. Talvez, os três atacantes sejam uma boa opção durante as partidas, dependendo das circunstâncias. E, arrisco dizer, dependendo da presença de um jogador como Bruno Silva em campo. Corre por dois, três. É o pulmão da equipe. Sem ele, é preciso se reinventar. Concordo nessa parte com Jair, mas discordo sobre as opções escolhidas diante do Barcelona.

O time é guerreiro, é esforçado e faz o torcedor do Botafogo sentir orgulho como há tempos não sentia. A ponto de aplaudir e cantar o hino ao final do jogo. Mas há limitações. Estas, por sinal, não excluem o Botafogo da briga por títulos. Pelo contrário. Não se ganha uma Copa apenas com futebol bonito. No entanto, as limitações precisam ser compreendidas e aceitas dentro de um universo prático. O Botafogo mais equilibrado com o atual elenco é o que joga com três volantes, marca forte e executa a transição em velocidade ou de forma mais lenta, porém consciente. Não há muito como fugir disso. Não é feio e nem desqualificante jogar assim. É a realidade que nos leva a sonhar alto.

Logicamente que é fácil criticar o treinador por suas escolhas depois que o placar não foi positivo. E este que vos escreve deixa claro que aqui não são críticas ao Jair Ventura ou a qualquer jogador do Botafogo. Cantei o hino e aplaudi depois do jogo. Também não é preciso criar teorias da conspiração, como “o filme de 2014”, “o fantasma do estádio lotado” e tantas outras. Soberba? Talvez sim, talvez apenas riscos e convicções equivocadas. Da parte desta autor são apenas observações de quem saiu de Nova Friburgo às 17h, chegou às 3h30 em casa e, às 6h, já estava indo para o trabalho. Feliz pela maratona, triste pelo resultado. Convicto, no entanto, de que esse roteiro vai ser repetir no dia 18. E ainda mais confiante de que o retorno será com a celebração da vaga nas oitavas de final.

Parece que o Botafogo faz de propósito. A contar desse estranho dia 3, serão 11 dias até a estreia no Campeonato Brasileiro. Quinze até o duelo com o Atlético Nacional. Não, claro que o torcedor alvinegro não poderia passar tanto tempo assim tranquilo, sem preocupação. A dose de tensão e de pressão que movem essa doença sem cura, de nome Botafogo de Futebol e Regatas, já estão presentes no cotidiano. Até lá serão discutidos a presença da torcida, a tática, o esquema, a estratégia, se Montillo volta, se Camilo joga, quem vai substituir Airton e por aí vai. É assim o botafoguense. Estranho seria algo diferente.

No dia 18, novamente, o Nilton Santos vai pulsar num só ritmo, de corpo e alma, com espírito de Libertadores. Em cada uma daquelas cadeiras um escolhido estará cantando, vibrando, berrando, socando o ar, cerrando os punhos, passando as mãos na cabeça, acreditando, duvidando, agradecendo ou pedindo aos céus. Sem vontade de ir embora. Por este que vos escreve, não teria voltado para viver esse dia 3. Pularia pro 18 logo. Com sangue nos olhos e vontade de jogar junto. É o que faremos. Esse time merece nosso voto de confiança. Estamos com vocês!

Saudações alvinegras! Seguimos firmes, pois uma vitória nos separa do objetivo. E ela virá com a benção de Nilton Santos, em sua casa. Em nossa casa!

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