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Em que “Barcos” estamos?
Amigos alvinegros! Para entrarmos no assunto dessa semana, preciso antes compartilhar uma pequena história com vocês. Além de colunista, jornalista esportivo, assessor de imprensa e produtor e apresentador de TV, sou radialista (ufa!). Na Nova Friburgo AM, sou responsável por editar e apresentar o Repórter Friburguense, o radiojornal da emissora, e também um programa de variedades, o Sintonia Maior. Exatamente neste, já no último trimestre do ano passado, recebemos a visita de algumas turmas de pequenos estudantes do Colégio Nossa Senhora das Mercês, aqui de Nova Friburgo. As cerca de 100 crianças deveriam ter entre quatro e dez anos de idade, em média, no máximo.
Como é tradição, levamos os pequeninos para a cabine, e uma das perguntas que sempre é feita para “quebrar o gelo” em frente ao microfone é o time de coração. Para a minha grata surpresa, havia muitos – muitos mesmo – botafoguenses. Muito mais do que tricolores, bem mais do que vascaínos e equilibrado com rubro-negros. Estávamos num momento instável na série B do Brasileiro, mas ali, naquele dia marcante para a pessoa e profissional Vinicius Gastin, eu voltei a acreditar e a sonhar com dias melhores para o Botafogo.
Fui para casa, e ainda curtindo aquele momento, comecei a pensar nos “porquês” daquela grande quantidade de alvinegros. Claro que, naturalmente, o destino é bondoso com alguns, os privilegia, os dá a missão de fazer a diferença, de viver e não apenas existir, e os escolhe para seguir a Estrela Solitária. No entanto, são 20 anos sem títulos nacionais, diversas decepções, rebaixamentos, mídia que apenas tem a intenção de derrubar e privilegiar o clube que vive de mentiras – isso sem excluir, é claro, a incompetência daqueles que administraram o clube nos últimos tempos. Em meio a tantos fatores negativos, procurei algo que explicasse o surgimento daquelas estrelinhas no céu escuro de um cenário conturbado. Sabem em quem eu pensei? Loco Abreu!
Pode parecer loucura – sem analogias, é claro -, ou uma lógica sem nexo algum. Mas o uruguaio vendeu camisas, produtos e recuperou a auto-estima do torcedor alvinegro depois de três insucessos consecutivos contra a arbitragem em decisões de carioca e decepções em série nas competições nacionais. O cálculo, considerando a idade daquelas crianças e a passagem do jogador pelo Botafogo, tem como resultado o efeito Abreu. Carismático, artilheiro e polêmico. Do jeito que o botafoguense gosta. E ainda autor de um gol marcante no Maracanã, de cavadinha, recontando a história como ela sempre aconteceu. É nós contra eles? Humilhamos, fazemos sentar, chorar, goleamos, acabamos com invencibilidades ou favoritismo. Abreu apenas recolocou os pingos nos “is”.
Dentro desse contexto, cheguei a ficar um pouco mais empolgado quando li sobre o interesse do Botafogo na contratação do atacante Barcos. Infelizmente, ao que parece, essa possibilidade foi descartada pelo presidente Carlos Eduardo Pereira. Pode ser verdade ou estratégia para desviar o foco de uma possível negociação. Gostaria muito de acreditar nessa segunda hipótese. Pelo menos, já seria sinal de ousadia e de entendimento da nova diretoria sobre a necessidade de um grande clube, do tamanho do Botafogo (um dos 12 maiores de todos os tempos) em contar com uma referência. Mesmo num momento financeiro delicado, é perfeitamente possível esse tipo de investimento através de um planejamento de marketing bem feito. Aliás... Esse setor, o marketing, está de férias ou encerrou as atividades há pelo menos dois anos no clube. Ou eu estou enganado?
Mas voltando ao tema central, eu reconheço a importância e a idolatria do Jéfferson. É algo, de fato, indiscutível! A qualidade, a identificação, o comprometimento e o amor do goleiro pelo Glorioso são comoventes e suficientes para colocá-lo no hall dos grandes jogadores da nossa história. Mas existe um porém: o Jéfferson não faz gols, não provoca o adversário e nem motiva tanto o torcedor a ir ao estádio como um grande artilheiro faria, por exemplo. Quando o camisa 1 de uma equipe é o melhor em campo quase sempre não é bom sinal. Faço questão de repetir: não é pelo Jéfferson, quem considero um grande ídolo. Mas pela cultura do nosso futebol e pela necessidade de ter alguém para dividir a responsabilidade de ser referência.
Bastou surgir o nome do Barcos e criou-se um alvoroço entre os alvinegros nas redes sociais. Imaginem se ele é contratado, veste a camisa e arrebenta no início de temporada. Pronto! Além das consequências técnicas dentro de campo, a nossa camisa, uma das mais comercializadas do país, triplicaria em vendas; A torcida voltaria a acreditar e a comparecer em bom número aos estádios; E arrisco a dizer, com quase toda a certeza, que a quantidade de sócio-torcedores aumentaria consideravelmente – isso depende também da competência do clube em lançar um programa atrativo e divulgá-lo corretamente. A longo prazo, a referência traz um retorno imensurável, como fez Loco Abreu: ela é capaz de aumentar o nosso maior patrimônio, que é a torcida!
Por enquanto, resta tentar manter o otimismo. Acreditar quando Ricardo Gomes diz que o Lizio vai dar conta de vestir a camisa 10, e que Nuñez é bom jogador. Confiar que as promessas da base vão ter um ano de afirmação, e que os outros reforços contratados, a princípio desconhecidos, serão capazes de suprir as nossas necessidades.
Se no papel o time não motiva, cabe a nós lembrarmos que o Botafogo é o que há de mais lógico dentro de um contexto onde não há lógica nenhuma; é o improvável capaz de desafiar qualquer possibilidade, ou o entendimento mais complexo dentro do que parece ser tão simples. O botafoguense sabe o quanto essa camisa é mágica. E isso basta para quem faz parte do grupo de cinco milhões de escolhidos! Tanto para ficar temeroso, quanto para acreditar no impossível.
Saudações alvinegras! E no dia 23 tem amistoso... Vamos começar a observar, analisar e torcer. A viver novamente o nosso imenso prazer, o Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas...
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