Disseram...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Disseram eles que depois de 2014 haveria uma estrela a menos na constelação. Logo ela, A Estrela, Solitária, exclusiva, incomparável. Só os desprovidos do mínimo de inteligência poderiam acreditar. Não há fim para o que é imortal. Não há treva para quem combina a escuridão do preto com a luz do branco. E tem ainda, como destacou o mestre Armando Nogueira, uma invenção Divina como símbolo. É ela que nos rege. Existem vários alvinegros pelo mundo, mas o Alvinegro da Estrela Solitária é único. É mágico. É Gigante.

Disseram e duvidaram eles, um ano depois, que o Botafogo retornaria ao seu devido lugar. Estrela cadente, decadente. Quantas foram as heresias. Os devaneios. As tolices. Sorte que a gente que segue o clube Mais Tradicional do país não se deixa abater. Não desiste. Compra a briga, banca e levanta nas horas ruins. Busca respaldo na história. E que história! Quantas histórias dentro dessa gloriosa história. Lá estávamos de volta, para escrever mais algumas.

Disseram então, depois de falharem na missão de cavaleiros do Apocalipse, que o Botafogo seria rebaixado em 2016. Alguma coisa precisava acontecer para comprovar a teoria acima citada. E aconteceu. Exatamente o contrário. O clube acostumado a calar a maioria mostrou a sua força mais uma vez. O amor que ninguém cala é capaz de materializar o improvável. Massacrado, criticado e rebaixado por alguns. Excluído depois da demissão de Ricardo Gomes. Execrado depois da escolha por Jair Ventura. Não contavam eles com a força de uma torcida apaixonada, capaz de fazer de um simples e humilde estádio o seu álibi. Não contavam com a competência do jovem treinador, tampouco com o poder dessa lendária camisa.

Da hipotética segunda divisão à Pré-Libertadores, num caminho árduo e repleto de incertezas, houve quem duvidasse até mesmo da capacidade do clube em administrar o Nilton Santos. Esqueceram que, desde que assim foi rebatizado, o estádio possui uma atmosfera diferente. Parece que tudo começou a andar para frente, no sentido da positividade. Customizado, então, transformou-se de fato na casa do Botafogo. Os ditos “gigantes do continente” já experimentaram um pouco dessa força e sucumbiram. Foram engolidos por milhares, que ali representavam milhões de escolhidos.

“Gigantes do continente”, disseram eles. E duvidaram que o Botafogo poderia passar de Colo-Colo e Olímpia. Mas pera lá... Este que vos escreve foi verificar na lista da FIFA, onde constam os nomes dos maiores clubes de todos os tempos, e por lá não encontrou chilenos e paraguaios. Campeões de Libertadores? Sim, são, respeita-se, mas a grandeza de um clube não é determinada apenas por isso. Quis a história que o Botafogo ainda não ostente o título desta competição, uma vez que em seu auge preferiu priorizar outros campeonatos. Era o momento. A Libertadores passa a ter o atual peso em meados da década de 90, depois de seu crescimento comercial, midiático e por conta do fim de outras competições tradicionais, como a Copa Conmebol.

O Botafogo, então, possui a missão de corrigir um erro histórico, um desencontro de importância, prioridades e datas. E disseram que o clube não seria capaz, sequer, de chegar à fase de grupos. Sofreu um gol do Colo-Colo no Rio de Janeiro e fez apenas um no Olímpia no Nilton Santos. Tinham razão aqueles que disseram “já era”. Já  era, já foi para eles. Mesmo com a alteração equivocada de Jair no Paraguai, quando tirou Matheus Fernandes, colocou Gilson e perdeu completamente a saída de bola e a força ofensiva. Não chutou praticamente nenhuma bola ao gol adversário na etapa final. Algo para repensar. Contudo, no momento da dificuldade em campo a camisa pesou mais uma vez. Então deixa a próxima fase para quem é Gigante de fato.

Gigante pela própria natureza. Pela trajetória, pelos títulos, pelas conquistas. Por sempre representar o Brasil. Por ser o Brasil representado em preto e branco. Por sempre transformar um simples capítulo em algo emocionante e heróico. Disseram que Gatito não era goleiro para o Botafogo, que estava inseguro. Acabou barrado por Helton Leite, que vinha em boa fase. No momento de pressão Helton se machuca. Lá vem Gatito. Dizem que um gato tem sete vidas. O Botafogo é o sete. Mesmo sem ter o seu sete em campo. Mas tinha o seis, o dez e o dezessete para cobrar as penalidades. E Gatito. Paraguaio, no Paraguai, no Defensores. O Defensor no canto direito, esquerdo e no centro da meta. Inquestionável. Brilhante. Glorioso!

Disseram que o clube que acabou em 2014... Está na fase de grupos da Libertadores deste ano. Como assim? Em tão pouco tempo? Sim, no espaço temporal necessário para trabalhar em silêncio, ter uma gestão muito mais eficiente do que midiática e apresentar resultados concretos. Além do planejado talvez. Com um time de brio, brilho e alma. Vibrante. Com jogadores que cantam “Fogo Eu Te Amo” nos vestiários depois de uma grande batalha. É de arrepiar!

Novas batalhas virão até o fim da guerra. No futebol não há como prever resultados, mas pelo cenário apresentado nos últimos três anos o Botafogo é vencedor. E vai buscar a Copa. Então, que eles continuem duvidando da capacidade de uma das 12 camisas mais pesadas e respeitadas de todos os tempos do futebol mundial (FIFA). Enquanto isso, nós seguiremos escrevendo a história...

Saudações Alvinegras! A América vai pegar FOGO!

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