Colunas
Até onde vamos?
E o Botafogo chegou. O time que não subiria em 2015, passaria por uma nova situação difícil em 2016, não chegaria à Libertadores deste ano, não passaria do Colo Colo, seria eliminado pelo Olímpia e jamais se classificaria no grupo considerado como o da “morte” chegou. Está lá, entre os 16 maiores clubes da América do Sul na atualidade. Outros, mais poderosos financeiramente, não estão. Dinheiro não ganha jogo. Pode ajudar, mas desde que a sua aplicação tenha fundamento e planejamento. O Botafogo não tem caixa, mas tem camisa - sem ironias ou piada de duplo sentido, claro. O Botafogo pode não ter mídia como outrem, mas tem trabalho. E agora tem resultado. Até onde vamos?
Ouvi de um amigo, logo depois do jogo contra o Nacional, que o Botafogo é a melhor representação das nossas vidas. Vivemos momentos de altos e baixos, e nas piores fases precisamos nos reinventar. Da maneira possível, do jeito que der. E o Botafogo é capaz de assumir essa personalidade de maneira única. Afinal de contas, não se é Botafogo como se é outro clube. É preciso ser de corpo e alma. E nós, torcida, somos a alma de um corpo formado por dirigentes, comissão técnica e jogadores. E esse corpo, que tem a nossa alma, é digno do nosso reconhecimento.
No fim das contas, “Somos um só”, pois “O Gigante Voltou” através daqueles que “Luta(e)m por nós”. O “Glorioso” é, sem dúvida alguma, a “Minha Vida.” E no “mar de escudos” cada Estrela Solitária brilha de forma diferenciada, especialmente em nossa casa, porque no “Nilton Santos é Fogo”.
Não dá para descrever o que é assistir um jogo do Botafogo dentro do Nilton Santos. O que a torcida tem feito nesta Libertadores merece um capítulo – e até mesmo uma coluna – à parte (Em breve). Ela joga junto quando precisa e até mesmo quando parece não precisar tanto. Ataca, bate no gol, volta pra marcar, desarma, pressiona o juiz e o adversário. Vibra como se não houvesse amanhã. E naquele momento não há! Cada jogo tem o seu hoje, a sua página para construir passo a passo, ponto a ponto, mais um capítulo de uma linda história.
Na verdade a materialização desse amor nas arquibancadas sempre foi diferenciada, mas nunca com o respaldo de um estádio completamente customizado e batizado com o nome de um dos maiores ídolos de nossa história. É mágico, assim como o mosaico que trouxe o “Glorioso”, o escudo mais bonito do mundo e a faixa com os rostos de alguns dos maiores jogadores da história do clube e do futebol mundial. Genial! Fantástico! Botafogo!
De fato, a vitória contra o Nacional começou a ser construída depois do apito final do jogo contra o Barcelona. Vaias por conta de um tropeço? Seria o normal, mas quando se trata de Botafogo o natural é a anormalidade. É coisa de quem raciocina, e entende que não é assim que se ganha uma Libertadores ou se reconstrói uma das 12 maiores instituições de todos os tempos do futebol mundial (FIFA). Cobranças sim, exageros não.
A força com que o hino foi cantado naquele dia 2 de maio, depois do fim da partida, emocionou. Mexeu com os brios. A vontade era de não ir embora, e se possível, adiantar o tempo para entrar logo em campo de novo. Aquele gesto incendiou e criou uma chama tão forte que nem 16 dias e um jogo ruim contra o Grêmio foram capazes de apagar. O time entrou em campo mordido, vibrante. Com a identidade que nos representa. E a torcida, na arquibancada, incorporou aquele espírito.
O canto, a vibração e a festa somados ao retorno do melhor esquema tático e das escolhas felizes de Jair Ventura resultaram num grande jogo. Sim, uma grande apresentação de Libertadores é aquela onde se consegue ter a leitura correta da partida, fechando os espaços e jogando com inteligência. Se não deu show ou goleou, o Botafogo foi espetacular nos quesitos vibração e equilíbrio. Controlou o jogo, quase não foi ameaçado pelos colombianos e criou o suficiente para vencer.
Quanto às escolhas de Jair, este que vos escreve se refere à Igor Rabello e Lindoso. Peço licença aos demais – Carli, Emerson e Camilo (que fez a melhor apresentação do ano), por exemplo – para eleger esses dois como os melhores em campo. Sem deixar de destacar, é claro, o iluminado Pimpão.
No aviãozinho do camisa 17, o alvinegro viaja rumo a voos maiores. Até onde vamos? No futebol é impossível prever. Então, é preferível exaltar até onde já fomos. Chegamos a uma condição que alguns favoritos apontados pela mídia não chegaram. Mesmo com uma folha de pagamento modesta, salários aquém de muitos dos concorrentes e receitas bem menos poderosas. Mas há momentos em que é preciso mais do que apenas teoria. É necessário provar em campo, na prática, que a camisa pesa. E hoje é impossível que exista algum clube nesta Libertadores que não pense: vai ser ruim de ganhar desse Botafogo e dessa torcida. Ah se vai!
Então... Até onde vamos? Já estamos lá. Sonhando sim, mas preparando para estar sempre por aí daqui pra frente. Estruturando para mostrar que é possível fazer futebol com recursos mais modestos, desde que se tenha competência, respaldo e o peso de um clube como o Botafogo. Mas Botafogo apenas o Botafogo é. Obrigado meu Deus por isso! Obrigado pelo privilégio de ter sido escolhido pela Estrela Solitária.
Saudações alvinegras! Com humildade, passo a passo, vamos chegando. Apenas com um pedido: que todos os demais continuem duvidando!
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