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10, 50, 100%. Mas aquele 1%...
O Botafogo é 100% no campeonato carioca depois de cinco rodadas disputadas. O Botafogo não é nem 50% no estadual depois de 450 minutos de futebol em 2016. O Botafogo evoluiu cerca de 10% após a disputa de metade da primeira fase do carioca. Noventa e nove por cento não passa a tranquilidade da figura de um anjo, muito menos é perfeito. Mas aquele 1% ainda é esperança. Talvez essa pequena porcentagem atenda pelos nomes de evolução, adaptação, Neilton, Salgueiro, contratações... Paixão.
Olhar para a tabela e observar o Botafogo líder, com 15 pontos conquistados é gostoso sim. O Mais Tradicional está no lugar que merece sempre estar. Mas a soberania não é sinônimo de empolgação. Durante o campeonato carioca a camisa joga e faz diferença. Contudo, a história, a tradição e as necessidades para este ano pedem muito mais, inclusive já projetando o Campeonato Brasileiro, principalmente em termos de futebol. O Glorioso apresentou muito pouco até o momento. Tanto que Ricardo Gomes apelou para o esquema com três volantes diante da Cabofriense, justificando que Lindoso era meia e que a maneira de jogar, na prática, não aplicaria a teoria de uma formação defensiva.
Sinceramente, jogar com dois ou três volantes, dois ou três zagueiros, um ou três atacantes não faz a mínima diferença na hora de analisar o Botafogo que inicia a temporada. É semelhante às porcentagens que mostram um time com 100% de aproveitamento e 1% de confiança de seu torcedor. Mais do que um esquema tático, o alvinegro precisa de qualidade. Com todo o respeito aos dois profissionais, não dá para um dos 12 maiores clubes de todos os tempos do futebol mundial (FIFA) adaptar formações onde Lindoso e Gegê são peças-chave. Reconheço, com muita preocupação, que Gegê é o jogador mais regular do meio-campo nesse começo de ano. E o perigo está exatamente nesse aspecto: no potencial que essa equipe pode atingir, tomando como base o fato de que o até então dispensável Gegê é o principal articulador. Por enquanto, ainda é importante preservar os estrangeiros de críticas excessivas. É cedo para dizer se o clube acertou ou errou nas contratações de Yaca, Lízio e Carli, embora seja quase unânime a opinião dos botafoguenses: nenhum deles empolgou até aqui. A demora para adaptação dos “importados” de outros clubes do país - e até mesmo dos rivais do Rio de Janeiro - ajuda a blindar o trio.
Voltando ao 1% de esperança do início do texto, parte dele responde exatamente à questão da aclimatação desses jogadores. A partir de então, poderemos ter alguma expectativa de evolução, até mesmo dos garotos, à exemplo de Luis Henrique. Bem ou mal, são dois gols nos últimos dois jogos. Na mesma equação que envolve adaptação e evolução, poderemos somar dois elementos: Neilton e Salgueiro. O primeiro, já no duelo com a Cabofriense, mostrou que vai dar um toque de qualidade ao sistema ofensivo. Queremos nós, alvinegros, acreditar que ele não será uma chuva de verão em meio à seca extrema... Em outras palavras: o pouco de talento onde não existe quase nenhum. Neilton ainda precisa provar – até pra ele mesmo – que não é apenas um jogador de momentos e lampejos.
Já Salgueiro, hoje, responde por quase 100% da esperança do Escolhido torcedor do Botafogo. Pode ser a qualidade ao lado de Neilton, ou poderá exigir a mesma paciência que precisamos ter com os outros gringos. Talvez até mesmo pela necessidade de evolução da equipe como um todo. Entretanto, ao contrário de Yaca, Lizio e Carli, Salgueiro tem currículo. Não estou me referindo, claro, à escola de samba nove vezes campeã do carnaval do Rio. Mas de um atacante que teve boas passagens por clubes de expressão, foi ídolo de um dos maiores times do Paraguai e já conquistou títulos importantes na carreira. O atacante, de fato, possui mais credenciais do que os dois meias e o zagueiro.
Todas essas teorias precisam ser confirmadas em campo. E para acreditar é preciso ser 99% paixão. Aquele 1% será sempre razão, claro, e essa matemática de porcentagens vai ser inverter diversas vezes durante as partidas. O que era 99% de apreensão até os 45 minutos do segundo tempo contra a Cabofriense, por exemplo, virou quase 100% de festa com o gol de Neilton. Quase porque mais de 90% do lado racional reconhece que é preciso melhorar e muito. E a totalidade dessa mesma razão sabe que é preciso contratar. Um ou dois atacantes, pelo menos um meia, talvez um lateral esquerdo para disputar posição com Diogo. No mínimo. Até que esse time, diria, é 70% suficiente para brigar por título no carioca. Os outros 30%? Representam muito menos do que é preciso evoluir para as competições nacionais...
Saudações Alvinegras! Nesta semana, teremos dois clássicos pela frente. Uma análise melhor, em termos de parâmetro, inclusive, poderá ser feita. Por enquanto, fica a certeza de que 99% do Espírito Santo será alvinegro contra o Fluminense. E aquele 1% também. Até a próxima semana!
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