Secretário em pacto com o CV

sábado, 09 de julho de 2016

Secretário em pacto com o CV

O juiz da Vara de Execuções Penais, Eduardo Oberg, que na semana passada apresentou um relatório à Alerj e ao gabinete da Segurança Pública do Rio, concluindo que a administração penitenciária sucumbiu ao banditismo, deu mais detalhes esta semana sobre a denúncia. Segundo ele, há provas técnicas de que o secretário de Administração Penitenciária (Seap), Erir Ribeiro Costa Filho, mantém acordo com o Comando Vermelho, a maior facção criminosa do Rio. Eri foi contra a transferência de 15 detentos do Complexo de Gericinó, em Bangu, que comemoraram o resgate de Nicolas Labre de Jesus, o Fat Family, dia 19, no Hospital Souza Aguiar, todos do CV. A fuga do bandido do Souza Aguiar expõe um acordo que pode ser ainda maior, que extrapola a segurança que vem de dentro dos presídios.

Direito de resposta

A denúncia pegou e Eri virou notícia, acusado de fazer acordo com a facção para manter a paz nos presídios. Convocado para falar na Alerj, Eri chorou e partiu para o ataque dizendo que irá processar o juiz e também atacou o secretário de segurança do estado, José Mariano Beltrame, que estaria calado sem se pronunciar em sua defesa até o momento. Teve gente que brincou no salão: “Parece até o choro do Eduardo Cunha. A batata assou!”

Sai um, sai dois, sai...

Está cada vez mais complicado costurar a ferida da segurança pública no estado. Fontes do governo dizem que a notícia de que Beltrame deve deixar a pasta após as Olimpíadas preocupa o estado, pois mesmo depois da enxurrada de matérias, ninguém pleiteou ou demonstrou qualquer interesse pelo cargo. A saída de Beltrame significaria, de certo modo, um efeito cascata. Nesta semana, por exemplo, foi a vez do chefe de Polícia Civil. Circula forte a informação de que Fernando Veloso “está de saco cheio”, e também esperando o término dos jogos.

Onde está o erro?

A força policial foi a única que entrou nas favelas com as UPPs esperando que o estado fosse atrás. Não foram. A polícia foi sozinha, a guerra aumentou, e as mortes dos dois lados recaíram apenas na própria polícia. Ou morrem ou são presos por matarem; a pressão é insustentável. Após a crise, o estado recuou e isolou as UPPs. Passei cinco anos cobrindo processos de pacificação nestas comunidades e nunca vi o resto da sociedade ir a esses locais ajudar a inclusão social, exceto no Vidigal, porque é no Leblon, e no Santa Marta, porque é em Botafogo. Deu errado porque viramos as costas na melhor chance que tivemos de incluir as áreas segregadas à cidade. Nosso preconceito venceu e a política de segurança, sozinha, não segurou.

Para reforçar

Em visita a Brigada de Infantaria Paraquedista nesta sexta-feira, 8, o ministro da Defesa, Raul Jungmann disse: O Brasil é um país pacífico, mas não é um país desarmado. Sabemos nos defender e contra-atacar. E se alguém nos desafiar, responderemos de forma incansável e implacável.” Para quem, de fato, entende de segurança pública, restou lamentar, desanimado, as mortes causadas pela violência urbana e sentir vergonha pela declaração nada empírica.

Sem licitação

A Prefeitura do Rio contratou por mais de R$ 100 milhões duas empreiteiras da família do deputado André Lazaroni, líder do PMDB na Assembleia Legislativa do Rio, sem licitação para conclusão das obras em atraso da Olimpíada. Depois da rescisão do contrato da Prefeitura com outras empreiteiras que eram responsáveis pelo Centro Olímpico de Hipismo e pelo Velódromo, as construtoras Zadar e Engetécnica assumiram as obras.

No mais...

Para quem planeja visitar o Rio durante os Jogos, nem pense que sera fácil “zanzar” de carro numa boa pela cidade. A dica é deixá-lo na garagem. O esquema de trânsito para as Olimpíadas irá retirar milhares de vagas em 266 ruas e grandes avenidas. Na Lagoa, serão menos 210 vagas até setembro. Além delas, não será permitido estacionar em mais 108 vias da Zona Sul, principalmente em Copacabana, o bairro mais afetado pelas competições na areia como o vôlei. Na Barra da Tijuca também será proibido parar em 90 trechos.

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Alessandro Lo-Bianco

A Voz do Rio

Pai da Valentina, Alessandro foi repórter da Band News, revistas da Editora Abril, Jornal O Dia, Portal IG e Último Segundo. Atualmente é repórter do Jornal O Globo e ventila aqui na serra, todas as segundas-feiras, um pouquinho da maresia carioca.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.