Vida eucarística

terça-feira, 05 de junho de 2018

Caros amigos, a doutrina católica ensina que a eucaristia é a fonte e o centro de toda a vida cristã (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1324). Os fiéis, pela participação no sacrifício eucarístico, unem-se a Cristo-cabeça em louvor e ação de graças ao Pai por todas as maravilhas realizadas em favor dos homens e, alimentados pelo corpo de Cristo, manifestam visivelmente a unidade do povo de Deus (cf. Lumen gentium, 11; Mediator dei,64-65).

Em comunhão com o Corpo do Senhor, a missão e vocação da Igreja adquirem força e sentido. Convidados pelo Cristo à participação na ceia eucarística, cada um de nós é chamado a fazer a diferença e a construir um mundo melhor à medida que nos transformamos no alimento que recebemos (cf. Santo Agostinho, Confissões, VII, 10, 16) fazendo de nossa vida uma perfeita ação de graças. Viver uma vida eucarística é uma exigência do próprio Senhor para aqueles que o seguem.

Neste sentido, o Papa Francisco afirma que “enquanto nos une a Cristo, arrancando-nos dos nossos egoísmos, a comunhão nos une a todos aqueles que são um só nele. Eis o prodígio da comunhão: tornamo-nos aquilo que recebemos!” (Audiência geral, 21/03/2018). O Senhor assumiu a condição humana, pequena e frágil, para nos deixar um exemplo luminoso de humanidade, e humanidade divinizada por amor na sua entrega irrestrita. Diz o texto bíblico que na noite em que ia ser entregue para sofrer a paixão, Jesus, reunido com os seus discípulos, tomou o pão e rendeu graças a Deus (cf. 1Cor. 11:23-25). Por esse testemunho, todo aquele que na eucaristia torna-se um só corpo com ele, é também chamado, em meio às turbulências dos acontecimentos tristes e desafiadores do mundo de hoje, a render graças ao Pai.

Desde o batismo, passando pelos sacramentos da iniciação cristã, somos inseridos na comunidade dos batizados e intimamente associados a Cristo, formando um só corpo da mesma forma que de muitos grãos se forma um só pão. Se acolhemos o corpo do Senhor, e nele transformamo-nos, não podemos nos esquivar da responsabilidade de acolhermos uns aos outros como irmãos, membros do mesmo corpo; e isso diz respeito a todas as áreas da convivência humana: família, comunidade eclesial, escola, trabalho etc.

Quem reconhece Jesus na hóstia santa reconhece-o no irmão que sofre, que tem fome e sede, que é forasteiro, nu, doente, encarcerado; e está atento a cada pessoa, compromete-se, de modo concreto, com todos aqueles que estão em necessidade” (Bento XVI, 23/06/2011).

Pela eucaristia que recebemos, assumimos também o mandado evangélico de ser, como Jesus, servos dos servos, e assim acolhermos uns aos outros, tirarmos do coração o egoísmo e o individualismo contrários ao testemunho de amor dado por Jesus na cruz atualizado na eucaristia celebrada.

É cada vez mais urgente assumirmos a missão de construir um mundo e uma sociedade melhor, sendo sal para dar sabor onde há a falta de sentido para viver e luz para iluminar onde há a falta de esperança. Alimentados pelo pão dos anjos, adquirimos força para levantar a cabeça e caminhar com mais decisão ajudando-nos uns aos outros e trabalhando juntos para que o amanhã seja mais promissor do que os dias que estamos vivendo hoje.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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