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Vai, e não peques mais
Caros amigos, outro dia me deparei com uma tocante imagem de Sexta-Feira Santa. Era a de uma senhora que rezava com a mão sobre a imagem de Jesus Morto. A beleza do gesto e a simplicidade da fé se uniam de modo maravilhoso na cena. Deus une-se às nossas dores, muitas vezes causadas por nossos próprios pecados, não para que permaneçamos no erro, mas para que, à luz de sua misericórdia, possamos reescrever nossa história.
Esta é a dinâmica da Semana Santa: enquanto tocamos a humanidade de Deus, que se fez homem das dores para curar nossas dores, percebemos também nossos pecados e a graça de Jesus Cristo que alivia nossos fardos e repete-nos, como no Evangelho: “Vai, e não peques mais!”
Nosso país passa por momentos dramáticos que, seguramente, não causam alegria a ninguém. Nosso povo, desamparado nos serviços públicos como saneamento básico, segurança e educação, assiste a um triste espetáculo: nunca na história foi evidenciada tanta corrupção em diversos escalões dos poderes públicos e privados, e ao mesmo tempo em que o Judiciário brasileiro, apoiado pelo Ministério Público e Polícia Federal, combate visivelmente pela apuração da verdade e punição dos culpados.
Não se pode falar de “partidarismo” na atual ação da justiça. Entretanto, para acalmar os sofrimentos de nosso povo, ainda existem aqueles que advogam pela impunidade.
A verdade não faz alianças, conchavos ou concessões, ela luta por resplandecer, e só! Ou seja, se alguém é culpado, deve responder e reparar os crimes que cometeu. Independentemente do cargo político que ocupa ou ocupou, ou do volume de bens que declara ou sonega.
As manifestações públicas são o eloquente aceno de idosos, crianças, jovens e famílias que solidariamente clamam a cura das terríveis “chagas” que desfiguram o país, pela conduta vil e gananciosa dos que se aferram aos mandatos políticos ou às imorais vantagens econômicas.
Misericórdia não é sinônimo de impunidade. E aquele que se vale do poder para se esconder da Justiça será sempre réu de suas ações, ainda que muitas delas passem a ser relativizadas por partidarismos e ideologias.
Os ultrajes sofridos pelo corpo de Cristo tiveram muitas causas: a manipulação ideológica dos fariseus, a impunidade contra um conhecido malfeitor e a covardia de Pilatos, que lavou suas mãos. Oxalá não se repitam estas condutas no presente de nosso país.
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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