Um rumo decisivo para nossa vida: a unidade

Caros amigos, o tempo quaresmal deste ano nos encontra no meio do Ano da Fé e da preparação para a Jornada Mundial da Juventude. Será certamente um caminho de aprendizado e crescimento pessoal e comunitário. Nós não o trilharemos sozinhos. Em primeiro lugar, porque Jesus Cristo vai conosco para Jerusalém (cfr. Mc 10,32-34), pois este caminho é, antes de tudo, dele e nós o seguimos pela fé e pela caridade.

Em segundo lugar, não o trilharemos sozinhos porque o convite para seguir o Senhor é sempre um convite comunitário, de modo que o caminho pessoal de tantos que foram conquistados pelo amor de Deus se unem, do mesmo modo que os rios menores juntam-se em direção ao grande mar.

Deus é mistério de unidade e amor e a autêntica devoção não nos separa, mas nos aproxima uns dos outros, nos une. Este também é o termo seguro do maior conhecimento de nossa profissão de fé e é o que reluz no gesto profético das Jornadas Mundiais da Juventude, que nos mostram de modo prático que muito maior do que os detalhes culturais e geográficos que nos separam é a fé e o amor que nos unem em um único caminho.

A Quaresma é, portanto, uma via de unidade porque é feita de amor. De fato, o amor concreto de Jesus Cristo pela vontade do Pai abriu-nos uma estrada para o céu. Este é o nosso lugar! Somente nele poderemos “encontrar-nos”, entender-nos e realizar-nos.

Na introdução de sua primeira carta encíclica o Santo Padre, o papa Bento XVI, exprime de modo belo este único caminho de nossas vidas: “Nós cremos no amor de Deus (cfr. 1Jo 4,16)—deste modo pode o cristão exprimir a opção fundamental da sua vida. Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (DCE, 1).

Conhecer e encontrar o Mestre é o conteúdo de toda a vida do discípulo, é sua felicidade e o que garante a unidade da comunidade cristã. Assim, no início deste tempo forte de oração e penitência, convido a uma meditação atenta das verdades da nossa fé, não como pretexto para partidarismos inúteis, mas para nelas encontrarmos a revelação do grande amor de Deus manifestado em Cristo e assim extrairmos as forças necessárias para subirmos juntos à Jerusalém, com Nosso Senhor. Só unidos chegaremos ao céu.

A fé nos congrega pela força da verdade e a caridade aproxima-nos pela verdade mais profunda inscrita em nossos corações: fomos criados pelo Amor, que exclui toda divisão.