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Um mundo a construir
Caros amigos, na semana anterior meditamos sobre a vida eterna e percebemos que crer na ressurreição da carne coloca-nos em uma posição de grande responsabilidade ante o mundo em que vivemos. Continuando a reflexão, afirmamos que a crença na vida eterna não nega em hipótese alguma o valor da vida presente, nem se traduz em inatividade perante as injustiças.
Mas, ainda nos falta refletir sobre como colocar este ensinamento em prática. O que devemos fazer? E a resposta é: devemos nos empenhar, com a ajuda da graça de Deus, na construção de seu reino no mundo presente. Assim ensina o Concílio Vaticano II: “A esperança de uma nova terra, longe de atenuar, antes deve impulsionar a solicitude pelo aperfeiçoamento desta terra. (...) Ainda que o progresso terreno deva ser cuidadosamente distinguido do aumento do reino de Cristo, contudo é de grande interesse para o reino de Deus, na medida em que pode contribuir para organizar a sociedade humana” (GS, 39).
Ser cristão, portanto, é ser comprometido com a construção da sociedade terrena e, ao mesmo tempo, pela fé, esperança e caridade, acumular no céu a verdadeira riqueza que nunca se acabará (Cfr. Mt 6, 19-20). Por isso, o cristão deve interessar-se: pelo bom uso e justa distribuição dos bens da criação; pela preservação do meio ambiente; pelas relações fraternas entre os homens e os países; pela justiça e solidariedade nas relações de trabalho e família; pela vida econômica e política do país; pelos direitos humanos, em especial a liberdade de consciência e respeito à dignidade da vida humana desde sua concepção até a morte natural; e, entre tantos outros assuntos inerentes à existência terrena, mas que apontam para a justiça plena que será realidade no reino dos céus.
Sem dúvida, vivemos em um mundo em permanente construção. Porém, os verdadeiros elementos de edificação não são as pedras ou técnicas, e sim os mais sublimes dons do espírito humano: “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão e autodomínio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5, 22-23). Não há verdadeiro desenvolvimento humano sem o crescimento desses valores espirituais, que, por outra parte, fazem aparecer a beleza da criação humana. Por isso, o progresso material é sempre relativo, ao passo que o progresso espiritual é garantia de vida plena para todos. E, neste campo, os cristãos devem ser protagonistas, pois “a configuração a Cristo e contemplação de seu rosto, infundem no cristão um desejo indelével por antecipar neste mundo, no âmbito das relações humanas, o que será realidade no mundo definitivo” (Compêndio de Doutrina Social da Igreja, 58).
Podemos dizer que Nosso Senhor nos deu não somente as bases da justiça social, mas também a tarefa de um mundo a construir. Assim ensina a Doutrina Social da Igreja: “A presença do fiel leigo no campo social é caracterizada pelo serviço, sinal e expressão da caridade que (...) respondendo com humildade às diversas exigências de seu particular âmbito de atuação, exprime a verdade de sua fé e, ao mesmo tempo, a verdade da doutrina social da Igreja, que encontra sua plena realização quando é vivida em termos concretos para a solução dos problemas sociais. A própria credibilidade da doutrina social reside de fato no testemunho das obras, antes mesmo que na sua coerência e lógica interna”. (Idem, 551)
Você já pensou que seu testemunho neste “mundo a construir” é sinal de credibilidade para o Evangelho de Jesus Cristo? Deus abençoe a todos!
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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