A terra espera seu Salvador

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Caros amigos, o Advento é um tempo litúrgico marcado pela virtude da “esperança”, que de acordo com o Catecismo da Igreja Católica: “responde à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todo homem; assume as esperanças que inspiram as aspirações do homem; purifica-as para ordená-las ao Reino dos Céus; protege contra o desânimo; dá alento a todo esmorecimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O impulso da esperança preserva do egoísmo e conduz à felicidade na caridade”. (n. 1818)

Em outras palavras, a esperança é a virtude motivadora de toda boa ação e purificadora de nossas intenções enquanto não se cumprem as promessas de Deus, que vêm saciar plenamente todas as boas aspirações do coração humano. Porém, para o nosso tempo marcado pela produção e pela eficiência, parece não combinar qualquer tipo de espera. Tende-se ao imediatismo e à impaciência, que atrapalha muito a persistência no bem. Por isso, é muito oportuno que o tempo do Advento nos ensine a esperar a vinda do Salvador, trabalhando ativamente na construção da cidade terrena, sem desânimo. (Cfr. GS 21).

A Palavra de Deus apresenta-nos o luminoso exemplo de Abraão, que é modelo e origem da esperança do povo do Antigo Testamento, como ensina São Paulo: “Ele, contra toda esperança, acreditou na esperança de tornar-se pai de muitos povos” (Rm 4, 18) e, figura da humanidade que aguarda o cumprimento das promessas de Deus. Nosso Senhor Jesus Cristo é aquele que veio para cumprir plenamente e elevar as aspirações da criação para “uma aliança bem melhor, baseada em promessas melhores” (Hb 8, 6). No Evangelho, confirma-se a pedagogia divina que prepara o Seu povo mediante a espera.

É oportuno, neste sentido, o ensinamento do Eclesiástico: “Filho, (...) suporta as demoras de Deus, agarra-te a Ele e não o largues, para que sejas sábio em teus caminhos. Tudo o que te acontecer, aceita-o, e sê constante na dor; na tua humilhação, tem paciência”. (Eclo 2, 3-4)

Por isso, a espera no Senhor nunca é estéril, pois nela Deus prepara o Seu povo para a salvação. Assim, o tempo não é o lugar do desespero ou da angústia, mas da intervenção divina, e, portanto, da esperança para o mundo. O pessimismo de que as coisas parecem caminhar para um futuro pior precisa ser superado pela confiança expectante em Deus, que nos pede, por outro lado, para agirmos na direção de Suas inspirações e preceitos.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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