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Somos um só corpo
Caros amigos, no último fim de semana celebramos duas importantes datas profundamente enraizadas na cultura brasileira: a “Solenidade de Todos os Santos” e a “Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos”, esta última mais conhecida como “Dia de Finados”. Estas celebrações encontram fundamento e adquirem maior compreensão sob a luz do mistério pascal de Cristo, que com sua morte e ressurreição aniquilou a inimizade e reuniu toda a humanidade num só corpo (cf. Ef 2,16).
São Paulo, em suas cartas, dedicou-se a explicar a unidade de toda Igreja sob a fé em Jesus Cristo. Utilizando a imagem do corpo, ressalta que a identificação entre Nosso Senhor e os redimidos é tão profunda que cada membro está em íntima comunhão com ele: são membros do próprio corpo de Cristo (cf. 1 Cor 12,21; Ef 1,22-23; Col 1,24). Isso significa que a Igreja é o corpo místico de Cristo.
Esta realidade não se detém somente no que vemos. A Igreja é muito mais do que nossos olhos possam alcançar. É um verdadeiro mistério de comunhão que alcança a todos os que já foram salvos em Cristo: seja os que gozam da alegria perfeita da visão de Deus: os santos; seja os que no purgatório passam por uma purificação última, também com a certeza de que chegarão à beatitude.
A comunidade dos fiéis, ao celebrar a Solenidade de Todos os Santos e também os Fiéis Defuntos, professa este caráter indivisível e de união dos redimidos em Cristo Jesus. A fé da Igreja nos ensina que todo ato de caridade, fundamentado na comunhão dos santos, reverte em proveito de todos os homens, vivos ou defuntos.
Em todos nós, na comunhão dos santos, há um verdadeiro intercâmbio de graças e orações. Os anjos e os santos, os homens e as mulheres que vivem neste mundo e os fiéis que estão no purgatório formam a única Igreja, que é povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo; alvo do amor eterno de Deus.
Quando celebramos em um só dia todos os santos, lembramos que santos são muito mais do que homens e mulheres representados sobre os altares, são todos os que nesta terra fizeram a vontade de Deus e agora vivem a eternidade feliz. Quando rezamos pelos nossos entes queridos falecidos e por todos os fiéis defuntos, proclamamos a confiança na força redentora da ressurreição de Cristo que pode nos salvar da morte e levar-nos de uma vez à plenitude da vida.
Assim, do mesmo modo, não comemoramos a “morte” dos santos, mas seu “nascer” para o céu, também no dia de finados não cultuamos a morte, pois “Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele” (cfr. Lc 20, 38). Prestamos uma justa homenagem aos que tanto amamos e já se foram e também rezamos para que Deus os tenha todos no seus Reino de Paz.
E a nós, que nesta vida caminhamos em direção à Jerusalém celeste, cabe lembrar as palavras do Concílio Vaticano II: “Entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, avança, peregrina, a Igreja, anunciando a cruz e a morte do Senhor, até que ele venha. Mas é fortalecida pela força do Senhor ressuscitado, a fim de vencer, pela paciência e pela caridade, suas aflições e dificuldades, tanto internas quando externas, para poder revelar ao mundo o mistério d’Ele, embora entre sombras, porém com fidelidade, até que no fim seja manifestado em plena luz” (Lumen Gentium,8).
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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