Santa ou pecadora? - 1 de março 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Caros leitores, percebemos que nos meios de comunicação - e mesmo em alguns setores da Igreja - são muitas as vozes que anunciam uma “Igreja pecadora”. Fato que contradiz as conhecidas quatro notas da Igreja que são: una, santa, católica e apostólica.

A partir do exposto acima, faço o seguinte questionamento: É possível atribuir à Igreja o qualificativo de “pecadora” sem violar a verdade de Deus, que a fundou? E, por outro lado, é possível considerá-la “santa” sem sermos desmentidos pela história dos homens?

Em primeiro lugar, a Igreja não é uma simples invenção humana, mas nasceu do desejo de Jesus Cristo (cf. Mt 16,16-19); e Ele, que a fundou, não pode ser culpado de uma obra pecadora.

Em segundo lugar, as acusações feitas contra a Igreja são fruto dos erros que seus filhos cometeram no passado. Mas, se todas as coisas saem puras das mãos de Deus, algo parece que está errado... É verdade. Algo está errado. Mas não com a Igreja.

Sabemos que há uma tendência desordenada nos filhos de Deus, que, depois do batismo, continuam afastando-se dele por causa dos seus pecados pessoais: são as marcas do Pecado Original. Porém, sempre que os cristãos pecam, eles não se afastam somente de Deus, mas também se distanciam da comunhão da Igreja. Assim, os membros da Igreja pecam, mas somente enquanto a traem: a Igreja não é, portanto, sem pecadores, mas sem pecado.

O pecado aparece mais do que a virtude porque escandaliza, indigna, mancha, fere... Contudo, não se entenderia o mundo moderno sem os muitos benefícios que nos legaram os filhos da Igreja. Se pesquisarmos a história das importantes instituições, em sua base e conservação, quase sempre encontraremos o trabalho silencioso e atento dos cristãos. Assim ocorre com os hospitais, as bibliotecas, as escolas e universidades, as técnicas agrícolas, os asilos e orfanatos, entre outros.

Santo Ambrósio, um importante Padre da Igreja, certa vez chamou-a de “casta prostituta”, frase que instigou alguns teólogos a chamá-la de “santa e pecadora”, entretanto, o contexto diz que a Igreja é casta, porque não se contamina com os que a frequentam; e é prostituta, porque não nega a ninguém seus bens.

Quando olhamos para um fragmento descontextualizado, podemos nos deter nas imperfeições, entretanto ao vermos a Igreja dentro da obra salvadora de Cristo, percebemos então sua beleza. Porém, temos que reconhecer que só percebe a beleza que Deus quer dar a sua Igreja quem a vê com olhos de filho. Sejamos bons filhos da Igreja.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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