Responsabilidade social

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Caros amigos, enfrentamos uma realidade marcada por grandes mudanças que afetam profundamente nossas vidas. Vivemos tempos difíceis, tanto no âmbito social como econômico e político. Muitos, diante da situação desesperadora em que se encontram, são movidos à desesperança e à descrença em um mundo melhor. Portanto, é preciso assumir a responsabilidade de gerar uma transformação radical das estruturas.

No compromisso de construir no mundo presente o Reino de Deus (cfr. Gaudium et spes, 39), “a Igreja testemunha ao homem, em nome de Cristo, a sua dignidade própria e a sua vocação para a comunhão das pessoas, e ensina-lhe as exigências da justiça e da paz, conformes à sabedoria divina” (Catecismo da Igreja Católica, 2419).

O panorama hodierno é de uma época de mudanças, principalmente no campo cultural. A concepção integral do ser humano está esfacelada. Subjuga-se a relação dos homens entre si, com o mundo e com Deus à supervalorização da subjetividade individual, imperando, deste modo, o individualismo e o imediatismo. O bem comum dá lugar à realização imediata dos desejos pessoais e à criação de novos e, muitas vezes, arbitrários direitos individuais (cfr. Documento de Aparecida, 44).

O Papa Francisco, em ocasião da abertura do ano do laicato, exortou, neste momento particular da história de nosso país, aos cristãos brasileiros a assumirem “a responsabilidade de ser fermento de uma sociedade renovada onde a corrupção e a desigualdade deem lugar à justiça e solidariedade”. Este processo de renovação exige do cristão não só o compromisso de anunciar a Verdade evangélica, mas de vivê-la no exercício de suas responsabilidades sociais.

A busca pelo bem comum é dever de todo cristão. Por isso, consciente de sua responsabilidade, deve contribuir eficazmente nas tarefas cotidianas para o desenvolvimento da vida cultural, econômica e social da comunidade civil a que pertence. Mas também, aqueles que são – ou podem tornar-se – aptos devem assumir a difícil e muito nobre arte da política. Procurando sempre exercê-la sem pensar no interesse próprio ou em vantagens materiais. Procedendo com inteireza e prudência contra a injustiça e a opressão, contra o arbitrário domínio de uma pessoa ou de um partido, e contra a intolerância (cfr. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 189).

Diante da situação política calamitosa na qual se encontra o Brasil, cabe perguntarmo-nos: de quem é a culpa? Qual a nossa participação ou contribuição? É fácil pôr a culpa em terceiros; mas o que eu faço? Não podemos nos esquivar da responsabilidade comum de promover o bem comum.

A política não pode ser vivida como um meio de alcançar alguma vantagem particular. Toda a ação política, seja a de governar, seja a de eleger os governantes, deve ser praticada em função do bem de toda a nação. Os cristãos, ensina o Concílio Vaticano II, por sua vocação especial e própria na comunidade política, são obrigados a dar exemplo de responsabilidade e dedicação pelo bem comum, dando testemunho da harmonia que há entre o exercício da autoridade e a liberdade do voto não movido por interesses pessoais, a iniciativa pessoal e a solidariedade do inteiro corpo social, a oportuna unidade com a proveitosa diversidade. (cfr. Gaudium et spes, 75). Precisamos, pois, tomar consciência de que depende de nós a boa orientação das forças culturais, políticas e sociais, para alcançarmos a superação da triste realidade vivida por nós.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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