Que o homem carregue nos ombros a graça de ser pai

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Caros amigos, a capacidade de gerar uma nova vida humana está, sem dúvida, entre as mais belas e nobres vocações do homem. De fato, a maturidade vocacional consiste em amar, e “não há maior amor do que dar a vida” (Cfr. Jo 15,13). A paternidade e maternidade são modos concretos de viver este amor.

Contudo, convém recordar que para amar é necessário que alguém abdique de suas próprias comodidades para assumir um compromisso definitivo. Só neste ambiente de sacrifício e estabilidade o verdadeiro amor poderá se desenvolver. Talvez por isso as famílias estejam em dificuldades no mundo atual, porque nossa sociedade padece uma forte crise de amor.

O Santo Padre, o Papa Francisco, falou sobre dois empecilhos modernos para viver o amor de Jesus (27/05/2013): em primeiro lugar, a “cultura do bem-estar”, que anestesia o homem para as necessidades do outro; e, em segundo lugar, o “fascínio do provisório”, que impede o homem de assumir compromissos definitivos.

De fato, as famílias vêm sendo incentivadas a desistir da geração de filhos por medo de perder sua comodidade e de assumir um compromisso definitivo. Assim, os filhos são cada vez menos percebidos como um verdadeiro dom de Deus, uma esperança para os problemas da humanidade e uma fonte de graças e alegrias, para serem tratados como meros “empecilhos”.

Deus quis revelar-se à humanidade como Pai em Jesus Cristo. Também São Paulo assim o reconheceu quando disse: “Dobro os joelhos diante do Pai, de quem procede toda a paternidade no céu e na terra” (Ef 3,14-15). De fato, o agir de Deus não combina com a cultura do bem-estar ou com o fascínio do provisório, pois “não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós” (Rm 8,32) e firmou com a humanidade uma aliança definitiva (Cfr. Hb 13,20).

É inegável a grande responsabilidade de ter filhos, mas é igualmente indiscutível que eles são um aspecto importante da vocação matrimonial. Por isso, renunciar a esta graça por motivos egoístas é grave diante de Deus que é Pai.

Fala-se muito sobre o aborto e suas implicações sociais, mas pouco ou nada se fala sobre as causas e implicações sociais do atual descaso das políticas públicas em relação à família, que se vê cada vez mais coagida a contradizer sua vocação mais profunda, com grande prejuízo de seus membros mais frágeis: as crianças e os idosos.

Admiro profundamente todos os que optam por viver sua vocação cristã a pesar de todas estas crises. E creio que destes sempre sairá uma voz de esperança para o mundo. Assim seja.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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