Que a saúde se difunda sobre a Terra (cfr. Eclo 38,8)

Este ano a reflexão proposta pela Campanha da Fraternidade para o tempo da Quaresma é a Saúde Pública Brasileira e nossos compromissos de fraternidade cristã.

O cuidado desprendido pelos enfermos e idosos faz com que a Igreja, em seus ministros e agentes de pastoral, mostre mais uma vez o rosto bondoso de Jesus Cristo que sente “compaixão para com todos os que sofrem, ao ponto de identificar-Se com eles: ‘Estive doente e visitastes-Me’ (Mt 25, 36)” (cfr. Catecismo, 1503).

Porém saúde não é simplesmente sinônimo de integridade física e psicológica, mas um conjunto de hábitos e opções que conserva a vida humana em todas as suas dimensões. Esta é a autêntica compreensão bíblica de saúde, demonstrada também nas ações de Cristo que, ao pregar o evangelho, não apenas cura os doentes, mas resgata o ser humano para o meio da sociedade, dando-lhe dignidade (cfr. Texto Base CF 2012, 183).

Assim, o tratamento dos enfermos também inclui um cuidado afetivo e social. A falta deste cuidado não só está na origem de inúmeras doenças físicas e psicológicas, como também é um excelente caminho para a cura e o restabelecimento dos enfermos. São, portanto, de suma importância as relações de amizade e fraternidade para o tratamento terapêutico.

Tal necessidade é ressaltada quando os doentes encontram-se nas unidades e centros de tratamento intensivo dos hospitais, onde o médico ou o enfermeiro fazem a ponte entre o enfermo em estado grave e sua família e amigos, também abalados pela situação de doença. Neste ponto, os profissionais de saúde, além de uma importantíssima função social, têm a oportunidade de desempenhar uma verdadeira “missão evangelizadora”. Pois, o cuidado que prestam, precisamente em situações extremas, reafirma que o mais importante é a dignidade humana de filhos de Deus, que nunca pode ser mensurada simplesmente pelo valor monetário do tratamento.

Os testemunhos heroicos de cuidado com os enfermos nos motivam a parabenizar todos os que realmente fazem da dedicação à saúde sua missão de vida. Em Cristo, que assumiu até o sofrimento humano no seu vértice, é possível vislumbrar o grande tesouro que são nossos doentes. Diante deles, podemos parar e refletir para voltar a considerar o essencial: o sentido da vida, o amor desinteressado, o dom de si.

Assim, o cuidado com os enfermos é uma graça especial que deve ser agradecida com a generosidade de uma vida que identifica-se com o coração de Jesus Cristo, em seu grande amor por todos os sofredores.