Quando a verdade não nos satisfaz?

Caros amigos, há pouco tempo aconteceu em Roma o Sínodo dos Bispos, que discutiu temas muito importantes sobre a família. Tendo como base este evento tão expressivo para a vida da Igreja, gostaria de provocar uma reflexão: você, católico leitor, sabe o que disse o Sínodo?

Fico surpreso com a variedade de respostas que eu escuto ao fazer esta mesma pergunta. A maioria disse que o Papa aprovaria uma infinidade de novidades e, realmente, alguns meios de comunicação venderam seus produtos por causa deste tipo de especulação. Percebi que estes queriam fazer polêmica e, no entanto, as coisas que foram realmente ditas pelo Sínodo ou pelo Santo Padre não foram suficientemente divulgadas. O Secretário Especial do Sínodo, Dom Bruno Forte, explicou que o objetivo do Sínodo: “Em primeiro lugar, expor o Evangelho da família como sujeito e objeto da pastoral, um valor prioritário a apostar, ainda que esteja em crise em vários lugares do mundo; e, em segundo lugar, discutir a pastoral para acompanhar e integrar a todos”. (Zenit, 06/10/2015)

De fato, um Sínodo não muda a doutrina de fé, mas a explicita. Um Sínodo, ou mesmo um Concílio, não pode “mudar” a fé cristã. A doutrina de Jesus já foi anunciada pelos apóstolos e o mundo inteiro é convidado a crer nela, mas não é correto que a doutrina se adapte ao fiel. O correto é que o fiel se adapte a ela, e mais do que isto, aceite a pessoa de Jesus Cristo, porque o Cristianismo não é um corpo doutrinário, mas relação vital com Jesus Cristo, que está vivo!

Entretanto, parece que a verdade às vezes não satisfaz e não vende jornais e, por isso, torna-se desinteressante para o mercado das grandes mídias. O Sínodo vinha sendo mal apresentado, sendo reduzido a discussões pontuais. Não foi apresentado pelos grandes meios de comunicação em sua real abrangência de preocupações. O Cardeal Baldisseri, a este respeito, falava em junho sobre a diferença entre o “Sínodo da mídia e o Sínodo real” e ainda que “no Sínodo, os padres querem ouvir o Espírito Santo e não um parlamento”.

A preocupação dos pastores da Igreja, junto ao Santo Padre, é a mesma de Jesus Cristo: a de levar todos os seres humanos à comunhão com Deus, não somente a uma prática externa da religião. Nosso Senhor sempre criticou a exterioridade que não expressa uma real preocupação com o Sagrado. Parece que nossa sociedade materialista ainda se preocupa muito com esta aparência exterior... Talvez, por este motivo, a verdade não satisfaça e não chame tanto a atenção.