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Progresso - 9 de agosto 2011
Caros amigos, Deus ao criar o homem colocou em seu coração um impulso de “realizar, conhecer e possuir mais, para ser mais” (cfr. Populorum Progressio, 6), esta é a vocação ao progresso. Ante um conceito equivocado de avanço, muitos poderiam ter dificuldades em ver no desenvolvimento um benefício para o ser humano. Entretanto, a pergunta cabível é: “Qual o significado do progresso?”.
O Santo Padre Paulo VI deu a seguinte resposta a esta pergunta: o “desenvolvimento não se reduz a um simples crescimento econômico. Para ser autêntico, deve ser integral, quer dizer, promover todos os homens e o homem todo (...) não aceitamos que o econômico se separe do humano; nem o desenvolvimento, das civilizações em que ele se incluiu. O que conta para nós, é o homem, cada homem, cada grupo de homens, até se chegar à humanidade inteira” (PP, 14).
“Ser mais” não está, portanto, diretamente relacionado com “ter mais”. Neste sentido, a Igreja sempre ensinou a primazia da dignidade da pessoa acima de qualquer outro bem a ser alcançado, pois a fé em Cristo ocupa-se precisamente do desenvolvimento sem olhar a privilégios nem posições de poder, nem mesmo aos méritos dos cristãos, mas conta apenas com Cristo, a quem deve fazer referência toda a autêntica vocação ao desenvolvimento humano integral.
“Precisamente porque Deus pronuncia o maior sim ao homem, este não pode deixar de se abrir à vocação divina para realizar o próprio desenvolvimento” (Caritas in Veritate, 18). Todo o avanço que o homem consegue nesta terra procura sempre sua autenticidade última no progresso transcendente que é equivalente à verdadeira plenitude do homem. Deste modo, não há motivos para temer o progresso quando este é autêntico, pois ele sempre traz em si um movimento em direção à plenitude do homem, que só será encontrada em Deus.
Vemos com grande tristeza que, dentro deste movimento de progresso que é signo da sublime vocação humana, também coexiste a corrupção, sempre acompanhada da hipocrisia, que ocorre quando interesses particulares se sobrepõem, pela força, ao bem comum.
Ante esta grave desordem cabe em primeiro lugar a oração, que procura a conversão dos corações, princípio da conversão do mundo inteiro; e em segundo lugar a denúncia das injustiças através dos meios lícitos, que constitui um irrenunciável exercício de cidadania e uma grave responsabilidade para o cristão que tem a missão de ser sal da terra e luz do mundo. Brilhe a luz de Cristo nas serras ou vales onde Deus nos colocou.
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Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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