Preservar a unidade

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Caros amigos, em nossa Profissão de Fé dizemos: “Creio na Igreja, una…”, ou seja, professamos que a Igreja é única e que é em si mesma unidade. Ao mesmo tempo, ao olharmos para a universalidade da Igreja Católica no mundo, descobriremos que ela abrange todos os continentes: muitos povos, línguas e culturas.

O compêndio do Catecismo da Igreja Católica nos diz que a Igreja espalhada pelo mundo “tem uma só fé, uma só vida sacramental, uma única sucessão apostólica, uma comum esperança e a mesma caridade” (nº 161). “A Igreja é una” por sua fonte, que é o mistério do Deus uno e verdadeiro; por seu fundador que é Jesus Cristo, único filho de Deus, único mediador entre Deus e os homens; e por sua alma, isto é, o Espírito Santo que habita o coração dos fiéis e rege toda a Igreja. (cf. Catecismo, 813).

Contudo, é preciso reconhecer a existência de muitos que, alimentados por suas próprias convicções, se apresentam como “especialistas”, e põe em perigo a fé de todo o rebanho. Estes, defendendo suas ideologias fazem sofrer a unidade da Igreja quando em discursos, muitas vezes desprovidos de fundamentos, mantêm posturas separatistas. Não podemos nos deixar enganar, pois todo aquele que não respeita os legítimos vínculos de unidade, fere a própria identidade católica.

Diante de toda a tempestade, se faz necessário buscar um ponto de referência e segurança. Por isso, cabe-nos, em união com a Mãe Igreja, buscar viver a firme doutrina deixada por Cristo e testemunhada pelos apóstolos afim de que nossa fé não seja abalada. O testemunho da história atesta que a Igreja de Cristo sofreu muitas investidas contra sua unidade e universalidade.

Mas, segura na promessa do Senhor à Pedro (Mt 16,18) a barca da Igreja navega tranquila em meio ao turbilhão das ondas revoltas, confiante de que toda crise sempre redundará num melhor conhecimento da fé, na firme adesão ao Evangelho e na propagação do Reino de Deus.

Importante lembrar que a unidade, desejo inerente ao coração de Jesus (Jo 17, 21), manifesta-se sensivelmente na profissão, na celebração comum do culto divino e na sucessão apostólica (cf. Catecismo da Igreja Católica, 815). Nestes três vínculos, reconhecemos a união com o sumo pontífice que, em sua função ímpar de intérprete autêntico da fé e em sua potestade singular na cura das almas, manifesta-se como o “perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos bispos, quer da multidão dos fiéis” (LG 23).

O Catecismo da Igreja Católica ao falar sobre as feridas da unidade, relembra as palavras de Orígenes, grande teólogo do século III: “onde estão os pecados, aí está a multiplicidade (de crença), aí o cisma, aí as heresias, aí as controvérsias. Onde, porém, está a virtude, aí está a unidade, aí a comunhão, em força disso, os crentes eram um só coração e uma só alma” (nº 817).

Por este motivo, é urgente que trabalhamos em favor da unidade cultivando em nosso meio as virtudes da prudência, temperança e caridade. Evitando a confusão comum no seio dos grupos separados em que se multiplicam as facções, cada vez mais litigantes entre si, polarizando e dividindo o único corpo de Cristo.

A verdadeira tradição da Igreja nos atesta que, em tempos de turbulência, o correto é confiarmos na firme profissão de fé do apóstolo Pedro, que hoje é o Papa Francisco. Sobre ele repousa a graça de estado de conduzir a Igreja e confirmar-nos na fé católica (cf. Lc 22, 31-32).

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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