Preconceitos

terça-feira, 14 de junho de 2016

Caros amigos, uma das vertentes mais desafiadoras da evangelização é a superação dos preconceitos que, por algum motivo, os homens costumam cultivar em seu relacionamento mútuo. Lembremos os vários casos presentes no Novo Testamento: o preconceito entre judeus e samaritanos (Jo 4, 9), entre os cidadãos da Judéia e os galileus (Jo 7, 52), entre homem e mulher (Mc 10, 4), entre os fariseus e os publicanos (Mt 9, 11) e mesmo entre cristãos! (1Cor 3, 4-6)

Também hoje, e de muitas maneiras, o preconceito sobrevive no seio das comunidades cristãs, não obstante o categórico ensinamento de São Paulo: “Com efeito, todos vós sois filhos de Deus pela fé no Cristo Jesus. Não há mais judeu ou grego, escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos vós sois um, em Cristo Jesus”. (Gl 3,26.28)

Mesmo nos tempos marcados pela multiplicação dos meios de comunicação, sobrevive o preconceito entre grupos e pessoas. É preciso enxergar que tal atitude é profundamente anticristã, pois trata-se de uma “barreira a mais” colocada entre nós, que nos impede de sermos fraternos, solidários, úteis, próximos. Como é possível viver o mandamento novo se não nos encontramos?

Recorda-nos o santo padre, o papa Francisco: “O ideal cristão convidará sempre a superar a suspeita, a desconfiança permanente, o medo de sermos invadidos, as atitudes defensivas que nos impõe o mundo atual. Muitos tentam escapar dos outros fechando-se em sua privacidade confortável ou no círculo reduzido dos mais íntimos, e renunciam à dimensão social do Evangelho. (...) Entretanto, o Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com seus sofrimentos e suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado”. (EG, 88)

Quantas são as oportunidades de vida perdidas por um preconceito? Quantos irmãos nossos que recusam uma oportunidade de trabalho ou de relacionamento por se preocuparem com “o que dirão”? Na verdade, o preconceito é uma porta fechada para a vida, que sempre tem algo para ensinar.

Neste ponto, é preciso concordar que qualquer atitude de superioridade em relação a alguém, ou a uma cultura, raça, sexo ou religião é diametralmente oposta aos ensinamentos de Nosso Senhor, que não recusou o humilde serviço de lavar os pés dos apóstolos, elogiou a fé de samaritanos e de um centurião romano, perdoou a mulher adúltera, acolheu os publicanos e mandou que nos amássemos uns aos outros. Pense nisto!

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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