Por que a violência?

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Caros amigos, nos últimos dias o mundo contemplou estarrecido o ataque terrorista ocorrido na França. Dois irmãos de confissão islâmica mataram 12 pessoas no atentado contra o jornal satírico "Charlie Hebdo”, em Paris. Milhares de pessoas saíram às ruas em protesto, líderes mundiais manifestaram sua indignação contra o terrorismo. Esta, entretanto, não foi a única manifestação terrorista envolvendo a temática religiosa nos últimos tempos. Em maio de 2014, vários cristãos foram crucificados na Síria. Na verdade, em 2013, um ano antes, foram assassinados por motivos religiosos mais cristãos na Síria do que em todo o mundo no ano de 2012. Não houve, infelizmente, tantas manifestações e repercussão na imprensa, mas o fato é que não estamos diante de fatos isolados. A imprensa que não defendeu aqueles inocentes foi, ironicamente, vítima de atos similares. E ainda, muitos questionam a maldade por trás da pretensa "liberdade” do tabloide satírico. Claro é, entretanto, que por mais atrocidades que alguém diga ou escreva, isto não justifica o assassinato. Então, por que a violência?

Por que o humor se empenha em atacar culturas e pessoas que, em princípio, não cometeram mais mal que o de crer em uma religião? Por que cristãos são assassinados em países islâmicos pelo crime de não se converterem à fé da maioria? Por que jovens jogam fora suas vidas "fazendo justiça com as próprias mãos”? Por que os governos só se dignam agir quando a tragédia acontece no quintal de casa e não impõem "regras de boa convivência” entre as culturas e os povos?

São muitas perguntas e as respostas certamente serão complicadas demais para um único artigo. Mas a questão é também muito prática: não podemos conviver com o diferente sem respeito.

O mundo ocidental precisa aprender que a "expressão” pode ser ofensiva e homicida e que, por isso, não há uma "ilimitada liberdade de expressão”. Também as religiões do mundo, fiéis em seus dogmas e tradições, precisam aprender a convivência pacífica, pois depois de milênios já tiveram tempo para aprender que a verdade não pode ser plantada pela força. Dizem que o mundo está "menor” e "sem barreiras”, porém aparentemente precisa ainda superar esta idade infantil da informação sem ética, sempre justificada pela liberdade, mas que já fez milhares de vítimas.

A culpa não é da religião. Que cada um seja responsabilizado pelos seus atos! E que todo tipo de violência seja punido; do contrário, aparecerão sempre mais vítimas inocentes.


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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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