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Perspectiva de gênero
Caros amigos, após refletirmos sobre as ideologias em geral, neste artigo gostaria de trazer uma reflexão sobre a chamada “ideologia de gênero”.
Originalmente, a palavra “gênero” tem o sentido de “conjunto de seres, estabelecido em função de características comuns”. Por exemplo, quando se fala de “gênero humano”, o único sentido possível é “conjunto dos homens” ou “espécie humana”. Entretanto, a propaganda ideológica atual quer introduzir um novo sentido para “gênero humano”, relacionado às características sexuais humanas, com o objetivo de relativizar e até eliminar conceitualmente as diferenças entre os sexos.
Afinal, existe real diferença entre sexos? Homem e mulher são iguais ou são diferentes? Explica o Catecismo que: “O homem e a mulher são (...) queridos por Deus: por um lado, em perfeita igualdade como pessoas humanas e, por outro, em seu ser respectivo de homem e mulher. (...) Em seu ‘ser homem’ e seu ‘ser mulher’ refletem a sabedoria e a bondade do Criador” (n. 369). E ainda: “Criados conjuntamente, Deus quer o homem e a mulher um para o outro. (...) Não que Deus os tivesse feito apenas ‘pela metade’ e ‘incompletos’, mas criou-os para a comunhão de pessoas, na qual cada um dos dois pode ser ‘ajuda’ para o outro, por serem ao mesmo tempo igual enquanto pessoas e complementares enquanto masculino e feminino” (Idem, 371-372).
Assim, homem e mulher são iguais em sua dignidade, mas são diferentes e complementares quanto à constituição física e anímica. Nas palavras do Papa Francisco, “a diferença entre homem e mulher não é para a contraposição, ou a subordinação, mas para a comunhão e a geração, sempre à imagem e semelhança de Deus” (15/04/2015).
Quando a “ideologia de gênero” apregoa que o sexo biológico não determina nada, está dizendo também que “só existe um sexo”. Abolindo a diferença, também termina a ideia de complementaridade, se ignora a verdade de que a vida só é possível mediante a cooperação entre os sexos e se inicia um processo com consequências imprevisíveis para a formação das futuras gerações.
Por isso, este tema não pode ser simplesmente assimilado acriticamente. Não se pode dar uma resposta equivocada a um problema tão importante! O diálogo entre os sexos sempre foi difícil, mas isso não significa que devemos abandoná-lo. Proponho, então, que aprofundemos mais os saberes sobre a contribuição específica do feminino e do masculino, sempre em vistas daquela plenitude de comunhão querida por Deus e inscrita na criação.
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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