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Penitência e conversão
terça-feira, 12 de março de 2013
Caros amigos, nos dias de preparação para a Páscoa do Senhor, que chamamos de quaresma, somos insistentemente convidados pela Igreja à conversão sincera do nosso coração. Penitência é a expressão concreta que designa este desejo de unidade e eternidade que trazemos em nosso coração, depois do pecado original.
Na definição do beato João Paulo II, “penitência significa, no vocabulário cristão teológico e espiritual, a ascese, isto é, o esforço concreto e quotidiano do homem, amparado pela graça de Deus, por perder a própria vida, por Cristo, como único modo de ganhá-la: esforço por se despojar do homem velho e revestir-se do novo; por superar em si mesmo o que é carnal, para que prevaleça o que é espiritual; e esforço por se elevar continuamente das coisas de cá de baixo para as lá do alto, onde está Cristo. A penitência, portanto, é a conversão que passa do coração as obras e, por conseguinte, à vida toda do cristão”. (Reconciliatio et paenitentia, 4.)
Todas as rupturas e incongruências que o ser humano experimenta em sua vida nesta terra têm sua origem na fundamental divisão que o pecado instalou em seu coração, por isso a importância da renovação do tempo quaresmal: tempo de voltar nossos olhos e corações para Deus e, assim, reencontrar nossa unidade perdida.
Junto à penitência cristã, que nos recompõe por dentro, está também a virtude da esperança, indispensável em nossa reflexão e vivência da quaresma. Já não estamos entregues aos nossos pecados, Cristo está conosco para que possamos vencer! (Cfr. ICor 15,16-20; IJo 2,1-2.) O pecado já não é a derrota definitiva, mas, em Cristo, é vencido pela misericórdia. Sempre há uma oportunidade de superação e crescimento para aquele que, apoiado na graça de Deus, luta decididamente contra todo o pecado.
O fim último da penitência é o amor. O esforço do fiel para “trocar o coração de pedra por um coração de carne” (cfr. Ez 11,19) tem sentido no esforço para amar. Este tema tão querido pelo Santo Padre, o papa Bento XVI, desenvolvido em sua primeira encíclica e também em sua última mensagem oficial para a quaresma, recorda-nos da urgência com que a Igreja precisa viver este importante mandamento do amor. Onde reina o amor, são superadas todas as divisões, não há lugar para a competição ou luta pelo poder e pelo status. Não entra nem a inveja, nem o orgulho, nem a arrogância (cfr. ICor 12, 4).
O pecado afasta-nos de Deus! Pela penitência temos a oportunidade de nos reaproximarmos da fonte do Amor. Deus abençoe a todos!
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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