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Pecadores, sim. Corruptos, não!
Caros amigos, o pecado é uma triste realidade da condição humana. Talvez muitos tenham dificuldade em reconhecê-los, mas isto não diminui sua realidade. Como dizia o apóstolo São Paulo: “Querer o bem está ao meu alcance, não, porém, realizá-lo. Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero”. (Romanos 7, 18-19). De fato, não existem pessoas “impecáveis”, por isso, o caminho não é negar o pecado, mas perdoar o pecador que se arrepende.
Outra coisa, porém, é a corrupção, que não pode ser tolerada! Vejamos o que dizia o cardeal Bergoglio: “Não devemos confundir pecado com corrupção. O pecado, especialmente quando é reiterativo, conduz à corrupção, mas não quantitativamente (tantos pecados provocam um corrupto), e sim qualitativamente, por criação de hábitos que vão deteriorando e limitando a capacidade de amar, encolhendo cada vez mais a referência do coração a horizontes mais próximos de sua imanência, de seu egoísmo”. (Corrupção e pecado. São Paulo: Ave Maria, 2002, p.17)
Podemos dizer que todo corrupto é um pecador, mas nem todo pecador é um corrupto. Pois aquele que erra, reconhece seu erro e pede perdão, age com honestidade e é capaz de recomeçar e fazer o bem. Entretanto, o corrupto “é aquele que peca e não se arrepende, finge ser cristão e, com sua vida dupla provoca escândalo. Ele esconde aquilo que considera seu verdadeiro tesouro, que o torna escravo, e disfarça o seu vício com boa educação, encontrando sempre um modo de salvar as aparências” (Cfr. O nome de Deus é misericórdia, p. 118-119). Ele vive a dinâmica do “sair-se bem” e não do “fazer o bem”.
É verdade que todos correm o risco ser corruptos. Por isso, Deus é misericórdia e incessantemente chama todos à conversão. Neste sentido, a vergonha pelo pecado é uma bênção que deve ser pedida a Deus. O que não é admissível, entretanto, é que a justiça desista de punir os corruptos para festejar com eles seu péssimo modo de vida. Isto encoraja outros a seguir-lhes o caminho da criminalidade, que tanto mal faz à comunidade humana.
É dever de justiça punir o culpado e premiar o justo. O corrupto não pode ter um “salvo conduto” para fazer o mal, mas deve ser impedido de agir até que seja capaz de se arrepender. Diz a Palavra de Deus: “cuidai para que ninguém fique privado da graça de Deus, e que nenhuma raiz venenosa cresça no meio de vós, tumultuando e contaminando a muitos” (Hebreus 12, 15). Sem dúvida, um dos piores males de uma sociedade democrática é a corrupção alimentada pela impunidade. Corrigir os que erram também é uma obra de misericórdia.
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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