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A paz é fruto da justiça e da verdade
Caros amigos, tratamos em nossa última reflexão sobre a responsabilidade que cada um deve assumir para que um mundo de paz e fraternidade seja realidade. Esta reflexão se faz cada dia mais necessária e urgente. A paz não é simplesmente a ausência de guerra ou o equilíbrio estável de forças opostas, ela é um valor que desconhece fronteiras: sua missão é chegar a todos os povos. A paz é condição para a plenitude da vida.
Mesmo sendo um dever universal, a paz têm alicerces muito frágeis e sofre constantes ameaças. Enquanto imperarem os interesses e desavenças particulares sobre o bem comum, a paz será apenas uma promessa. Reveste-se de atualidade as palavras de São João Paulo II por ocasião do 19º Dia Mundial da Paz: “a primeira vista, o nosso intuito de fazer da paz um imperativo absoluto pode parecer utópico, dado que o nosso mundo apresenta uma evidência clara de excessivo interesse egoísta, no contexto de grupos políticos, ideológicos e econômicos contrapostos entre si. Presos pelos laços destes sistemas, os chefes e os diversos grupos sentem-se impelidos a buscar a realização dos seus objetivos particulares e das suas ambições de poder, de progresso e de riqueza, sem ter em consideração suficientemente as necessidades e os deveres que implicam a solidariedade e cooperação internacionais, em prol do bem comum de todos os povos que compõem a família humana” (01/ 01/1986).
Só poderá ser estabelecida a paz quando se instaurar o pleno respeito à ordem instituída por Deus. A dignidade da pessoa humana - de direitos e deveres universais, invioláveis e inalienáveis - supera toda perspectiva natural quando, à luz da revelação, sabemos que fomos remidos pelo sangue redentor de Cristo, formando um só corpo (cfr. Pacem in terris, 9-10). “A justiça produzirá a paz e o direito assegurará a tranquilidade” (Is 32, 17).
Para se garantir a paz e o bem comum, é preciso que as relações, tanto das pessoas entre si como da comunidade mundial, estejam alicerçadas na ordem da verdade, construídas segundo a justiça, alimentadas e consumadas na caridade e realizadas sob os auspícios da liberdade (cfr. Pacem in terris,166). Neste sentido, é preciso que a paz comece a ser vivida, como valor profundo, no íntimo de cada indivíduo. O coração do homem é o terreno onde germina a paz.
Para nós cristãos, um mundo pacífico não pode ser construído somente pelo equilíbrio exterior de uma ordem jurídica, fruto do esforço humano. Ela é, antes de mais nada, fruto da sabedoria e do amor de Deus que, em Jesus, devolve ao homem a paz perdida; é “um fruto da ordem que o Divino Criador estabeleceu para a sociedade humana, e que deve ser realizada pelos homens, sempre anelantes por uma mais perfeita justiça” (Gaudium et spes, 78) e ato próprio da caridade.
Quando nos deixamos guiar pela justiça e pela verdade, propiciamos tempos de paz. Devemos, por isso, ter em alta estima os direitos alheios além de cumprir diligentemente os nossos deveres, sentindo as necessidades do próximo como se fossem nossas, fazendo o outro participantes dos próprios ben (cfr. Pacem in terris, 35).
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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