O valor do diálogo

terça-feira, 03 de julho de 2018

Caros amigos, a pouco tempo dedicamos uma reflexão sobre a responsabilidade em comunicar a verdade nas redes sociais. Hoje, voltamos a falar de comunicação, mas em um sentido um pouco mais amplo.

O Papa Francisco na mensagem para 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais afirmou que uma boa comunicação é essencial para comunhão. Neste sentido, comunicar é muito mais que compor frases e palavras e compartilhá-las nas redes. É forjar a própria identidade e pôr-se em relação com o outro e com o mundo.

A comunicação possui grande valor na dinâmica da revelação. “Na riqueza do seu amor, Deus fala aos homens como amigos e convive com eles, para os convidar e admitir à comunhão com ele” (Dei Verbum, 2). A linguagem divina, acomoda-se à linguagem humana afim de que o homem possa conhecer a inefável benignidade do criador. A plenitude da comunicação de Deus aos homens se dá na encarnação do verbo eterno do Pai; assumindo a condição humana torna-se semelhante aos homens (cf. idem, 13)

O Concílio Vaticano II sentencia que a ‘economia’ da revelação se dá na íntima relação das ações e palavras de Deus na história da salvação. Analogamente, a comunicação humana só é eficaz quando estão unidas obras e palavras.

Diante disso, temos que nos questionar sobre o uso que fazemos das palavras: Qual é a sua qualidade? Elas nos levam ao encontro com o próximo? A comunicação só nos humaniza quando nos permite conhecer o outro ao mesmo tempo que nos revela a nós mesmos. É preciso avaliar se nossas palavras são capazes de “construir pontes”, criar relações fecundas, instruir e levar conforto, porém, não é menos verdade que podem ser armas mortais e destruidoras de tudo o que há de bom.

Em uma sociedade onde a comunicação a cada dia se torna mais virtual, aumenta o risco de perdemos a beleza do encontro. Não se pode substituir a presença por palavras vazias, e se deve ter sempre o cuidado de não substituir as relações interpessoais pelas amizades virtuais, limitando a vida ao espaço virtual das redes sociais, que podem nos encerrar no individualismo.

Estão cada vez mais raras as conversas sinceras olho no olho. As novas mídias têm o poder de aproximar pessoas que estão distantes e, ao mesmo tempo, afastar os que estão próximos. É comum ver amigos sentados em uma mesma mesa, cada qual conectado ao próprio mundo ‘on-line’ fechados nos horizontes de seus próprios interesses, e ignorar os que estão ao redor.

As relações familiares fundadas no dinamismo do amor, são o antídoto de uma comunidade cada vez mais individualista. “Na família, é sobretudo a capacidade de se abraçar, apoiar, acompanhar, decifrar olhares e silêncios, rir e chorar juntos, entre pessoas que não se escolheram e todavia são tão importantes uma para a outra… é sobretudo esta capacidade que nos faz compreender o que é verdadeiramente a comunicação enquanto descoberta e construção de proximidade” (Mensagem para o dia 49º Mundial das Comunicações Sociais).

O centro vital da comunicação é o vínculo que está na base da palavra, isto é, o encontro. É ele que deve moldar a nossa interação com as tecnologias, de modo que não sejamos envolvidos por elas. Em um mundo no qual impera o individualismo deve florescer o valor do diálogo que “nos enriquece, porque nos faz identificar a verdade do outro e a importância de sua experiência” (Papa Francisco), tornando-nos verdadeiros irmãos.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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