O que é compartilhar?

Caros amigos, o Evangelho de São João, objeto de nossa reflexão neste mês da Bíblia, foi escrito para dar-nos a conhecer uma pessoa: Jesus Cristo, que compartilhou de nossa existência para ser nosso “caminho, verdade e vida”. Esta intenção é expressa pelo apóstolo João em sua primeira carta: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam da Palavra da Vida (...) isto vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco” (1Jo 1, 1.3).

De fato, para conhecer o Senhor Jesus Cristo é preciso entrar em comunhão com Ele. Aliás, esta é a via mais plena de acesso para o conhecimento de qualquer pessoa. Entretanto, isto provoca-nos uma reflexão: Em uma sociedade feita de encontros rápidos e superficiais, ainda é possível entrar em comunhão com alguém? Queremos isto?

Há algum tempo, quando não havia Redes Sociais e a comunicação interpessoal era mais lenta, lembro-me que a palavra “compartilhar” já fazia parte de nossas vidas e não saía do conteúdo das homilias da Igreja. Entretanto, o sentido era diferente do que é empregado hoje.

O conceito de “compartilhar” não era sinônimo de um clique no mouse apenas. A imagem mais comum para expressar aquela ideia, derivada de “partilha”, eram duas mãos que partiam um pão ao meio.

De fato, compartilhar não precisa significar distância entre estes dois conceitos ou entre duas pessoas, pode incluir proximidade, intimidade, esforço, interesse... amor. O Senhor Jesus Cristo, que São João quis comunicar em seu Evangelho, fez-se próximo de toda a humanidade pelo oferecimento de sua vida. Ele compartilhou conosco e nos ensinou o que é compartilhar.

Hoje, é mais fácil que não haja autêntico compromisso social. Porém, a consciência cristã não pode embrutecer-se. Podemos envolver-nos com a realidade da dor do outro. E, neste sentido, a internet pode transformar-se de um lugar de indiferença e superficialidade, em um espaço de comunhão e partilha.

Os discípulos de Jesus Cristo precisam transformar todas as realidades que os cercam: os encontros, as redes sociais, o trabalho e o lazer, a relação com os vizinhos ou as de dentro da família... tudo precisa ser instrumento de comunhão e de evangelização. Não recebemos o tesouro do Evangelho para guardá-lo, mas para compartilhá-lo e, com ele, dar vida ao mundo. Será que poderíamos progredir qualitativamente em nossos compartilhamentos?