O protagonismo social do leigo

terça-feira, 26 de junho de 2018

Caros amigos, o “Ano do laicato” celebrado pela Igreja no Brasil é um apelo aos cristãos leigos e leigas que receberam, pelos sacramentos da iniciação cristã, a missão de ser sal da terra e luz do mundo na Igreja e na sociedade.

O Concílio Vaticano II na Constituição Dogmática Lumen Gentium ressalta que a índole secular é própria e peculiar dos leigos, que por vocação devem procurar o reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as na perspectiva evangélica.

A presença de cristãos, exercendo diversas atividades além das condições ordinárias da vida familiar e comunitária, é a forma mais eficaz para a santificação do mundo. O protagonismo social do leigo, manifesta, pelo testemunho de uma vida pautada nas virtudes evangélicas de fé, esperança e caridade, a transformação da sociedade e a construção do reino de Deus já neste tempo presente.

“A presença do fiel leigo no campo social é caracterizada pelo serviço, sinal e expressão da caridade que se manifesta na vida familiar, cultural, profissional, econômica e política” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 551).

Não se pode separar a ação social da consciência cristã, pois nada pode subtrair-se ao domínio de Deus. Somente iluminado pela fé, o cristão poderá vencer a “nefasta doutrina” (Lumen Gentium, 36), que pretende construir uma sociedade sem Deus, subjugando a dignidade humana aos interesses partidários e ideológicos de grupos.

Na última semana, acompanhamos a desumana aprovação da legalização do aborto pela Câmara de Deputados da Argentina e a pretensão norte-americana de se separar pais e filhos que, na busca de melhores condições de vida, entram ilegalmente em um país. Estes, são apenas alguns exemplos dentre tantos outros casos nos quais imperam a lei do ter e do poder.

O catecismo da Igreja Católica diz que a pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, tem o direito natural de ser reconhecida como um ser livre e responsável. Isto implica a todos o direito e o dever do respeito, e nenhuma lei ou ordem pública o pode ferir (Catecismo, 1738).

Mas, o que vemos hoje em dia é o frequente desprezo e a violação das condições de ordem econômica e social, política e cultural, que fazem o homem quebrar os laços de fraternidade com os seus semelhantes e rebelar-se contra a verdade divina, sob impulso de uma contemporânea forma de “totalitarismo estatal”.

Por isso, é urgente a presença de pessoas comprometidas com a verdade evangélica nas estruturas e realidades da sociedade civil, como educação, política e cultura, dentre tantas que se poderia elencar.

A Doutrina Social da Igreja afirma ainda que “o fiel leigo é chamado a divisar, nas situações políticas concretas, os passos realisticamente possíveis para por em ato os princípios e os valores morais próprios da vida social” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 568).

Assim, este ano do laicato deve ser vivido na perspectiva de um despertar para a responsabilidade social desta tão grande parcela do povo de Deus que se expressa na vocação de ser sal e luz e no protagonismo da transformação da sociedade radicada no amor apaixonado por Cristo.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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