O massacre dos inocentes

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Caros amigos, a passagem bíblica que retrata a matança dos inocentes nos faz refletir sobre a gravidade de antepor interesses pessoais ainda que buscando a preservação do próprio poder, como é o caso de Herodes, que obstinadamente buscava matar Aquele que seria uma ameaça à sua realeza.

A sanha desmedida de domínio sobre os seres humanos, inclusive sobre o direito inalienável à vida, faz com que até os nossos dias, em um mundo aparentemente evoluído, os que detêm o poder continuem encarnando o personagem bíblico do Rei Herodes.

Sabemos que estão em jogo interesses que extrapolam de muito as fronteiras de um país. Verdadeiras políticas e iniciativas governamentais intentam fazer honrar pactos internacionais que têm por objetivo a desagregação familiar e o controle das populações. E, em nome de um maior “conforto” e melhores condições para os povos, os inocentes – hoje ainda nem sequer nascidos – continuam a ser massacrados. Não deixam de surpreender as constantes investidas sobre este tema que aparecem na tentativa de suprimir do Código Penal Brasileiro o crime do aborto, seja em casos de estupro, seja na falaciosa afirmação de que as mulheres contaminadas pelo zika vírus gerariam filhos com graves deficiências, entre outras.

No dia 9 de dezembro o jornal friburguense A Voz da Serra publicou: “Este ano, o município ainda registrou sete casos confirmados de gestantes e outros 26 de não gestantes com o vírus da zika. De acordo com a secretaria municipal de Saúde, nenhum dos bebês nasceu com microcefalia” (por Karine Knust). Claro está que nem todas as mães contaminadas pelo vírus dão à luz filhos com microcefalia e, portanto, não cabe, até o momento, uma necessária relação entre um e outro, como se tem julgado para afirmar a necessidade da interrupção da gravidez.

Aliás, em A Voz do Pastor do último dia 6 de dezembro, já refletíamos: “Todas as formas de vida precisam de condições favoráveis para o seu desenvolvimento. Suprimir intencionalmente estas condições caracterizaria uma agressão no plano natural. Quando se trata do ser humano, mais do que uma agressão no plano natural é um crime, que no caso da vida ainda em fase embrionária assume contornos de verdadeira barbárie, praticada intencionalmente por seres racionais contra os mais indefesos de todos os Filhos de Deus e pior ainda, sob o amparo da lei e o consentimento dos próprios genitores”.

Na véspera da celebração dos Santos Inocentes, peço a todos os católicos, cristãos e homens e mulheres de boa vontade que intensifiquem suas orações e manifestações públicas contra todas as iniciativas parlamentares ou judiciais que apontem para a descriminalização do aborto. Não há justificativa para este crime atroz! Recordo, aqui, as palavras do Papa Emérito Bento XVI: “Quando uma sociedade começa a negar e a suprimir a vida, acaba por deixar de encontrar as motivações e energias necessárias para trabalhar ao serviço do verdadeiro bem do homem. (...) O acolhimento da vida (entretanto) revigora as energias morais e torna-nos capazes de ajuda recíproca”. (Caritas in veritate, 28). Pense nisto!

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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