O Evangelho e seus desafios - 18 de outubro 2011

Caros amigos, um dos grandes desafios de quem quer anunciar a Palavra de Deus é, ele próprio, ter a experiência de sua força transformadora na própria existência. O Santo Padre Paulo VI, de feliz memória, especificava o contexto da pregação do Evangelho no mundo moderno quando dizia: “Os homens de hoje escutam muito mais as testemunhas que os mestres, e se escutam os mestres é porque são testemunhas” (Evangelii Nuntiandi, 41).

Este é um importante desafio da missão nos dias atuais e adquire maior releve ao tratar-se do anúncio da Palavra de Deus aos jovens que, de uma forma às vezes não compreendida por nós, reivindicam fortemente nossa coerência em praticar aquilo que ensinamos. Além disso, não podemos esquecer que na juventude surgem de modo irresistível e sincero as questões sobre o sentimento da própria vida e sobre a direção que se deve dar à existência.

Deste modo, o anúncio aos jovens deve ser feito de modo claro e credível. O Santo Padre Bento XVI em várias ocasiões se referiu à generosidade do coração dos jovens, encorajando-os a abrirem, de par em par, suas portas a Cristo.

Além do caso especial dos jovens, existem muitos outros apelos à nossa missão como Igreja. Devemos responder aos múltiplos destinatários indo ao encontro de suas carências, ansiedades, lutas e sofrimentos, iluminando onde existem trevas da desconfiança, da falta de acolhimento e de abandono.

As iniciativas pastoras são certamente conhecidas, mas necessitam de um renovado ardor missionário. Refiro-me aos migrantes, doentes, encarcerados, ao mundo da educação, às novas universidades, hospitais, ao mundo da política, aos pobres que necessitam da efetiva encarnação da Palavra na partilha dos bens e na caridade que deve ser operativa (cfr. Gl 5,6).

Finalizo esta reflexão apontando para a urgência da Palavra para nosso mundo atual e sua capacidade de enculturação, na medida em que ela se dirige ao homem e a todos os homens, fazendo com que as expressões culturais sejam valorizadas e nas suas diversas manifestações elevem um hino de louvor ao Criador de toda a humanidade.

Assim, do mesmo modo que é importante a verdade da Palavra proclamada também o é a adaptação aos que a escutam. A Palavra cumpre seu desígnio na verdadeira comunicação com seus destinatários. Só deste modo ela será realmente “um facho que ilumina os passos e luz para o caminho” (Sl 118, 105). Deus nos dirigiu sua Boa Nova, cabe agora a todos os discípulos e missionários de Jesus Cristo levá-la até os confins da terra.