O Espírito da Unidade

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Caros leitores, quando o Santo Padre Pio XII escreveu sua carta encíclica sobre o “Corpo Místico de Cristo e nossa união com Ele”, nos ensinou sobre o Espírito Santo dizendo: “A esse Espírito de Cristo, como a princípio invisível, deve atribuir-se também a união de todas as partes do corpo tanto entre si como com sua cabeça, pois que ele está todo na cabeça, todo no corpo e todo em cada um dos membros. (...) É ele que com o hálito de vida celeste em todas as partes do corpo é o princípio de toda a ação vital e verdadeiramente salutar” (n. 54).

Evidentemente a unidade de todos os cristãos é desejo do Coração de Jesus, como ele mesmo expressou em sua oração sacerdotal: “Eu rogo também por aqueles que vão crer em mim (...). Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste” (cfr. Jo 17,20-21). Mas este também é o desejo de todos nós.

Nenhum cristão pode imaginar o Grande Dia do Senhor como um aglomerado de pequenas divisões, ou um Céu repartido em “denominações religiosas”. Sabemos pela fé que lá não haverá templo, pois o seu templo é o próprio Senhor, o Deus todo-poderoso, e o Cordeiro (cfr. Ap 21, 22). E se olhamos para a terra e vemos tantas divisões entre os cristãos, estas foram, sem dúvida, forjadas pelos nossos pecados. As paredes físicas que nos separam são consequência indubitável de outras barreiras muito mais sólidas que construímos em nossos corações pelo egoísmo, pelo desejo de reafirmar nossas próprias ideias em detrimento ao verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo, em suma, são divisões erguidas pelos nossos pecados.

Orígenes, um dos grandes padres da Igreja dos primeiros séculos, afirmou categoricamente: “Onde há pecados, aí se encontra a multiplicidade, o cisma, a heresia, o conflito. Mas onde há virtude, aí se encontra a unicidade e aquela união que faz com que todos os crentes tenham um só coração e uma só alma” (PG 13, 732).

O Catecismo da Igreja Católica elenca os verdadeiros esforços na direção desta tão querida unidade, e em primeiro lugar coloca: “uma renovação permanente da Igreja, numa maior fidelidade à sua vocação. Essa renovação é a força do movimento a favor da unidade” (n. 821). É importante nos conscientizarmos de nossas contribuições pessoal e comunitária no movimento ecumênico, para que estejamos preparados para acolher este dom que com insistência pedimos ao Senhor. Oremos com Cristo nesta mesma intenção.

Dom Edney Gouvêa Mattoso,

Bispo Diocesano de

Nova Friburgo

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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