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O dom da paz
Caros amigos, muitos são os sinais característicos dos discípulos de Jesus Cristo: o sinal da cruz, a oração do Pai nosso, as mãos postas ou erguidas em oração, etc. Por estes gestos e sinais são facilmente identificáveis as expressões artísticas da Igreja dos primeiros séculos, separando-as das demais obras do mesmo período. Outro característico costume da igreja de todos os tempos é a saudação cristã que deseja a paz.
Os judeus já guardavam o costume de saudar-se com o “shalom”, que significa paz. Com esta saudação Cristo ressuscitado saúda também os apóstolos e demais discípulos depois da ressurreição (cfr. Jo 20,21.26), porém sua mensagem dá a esta palavra uma carga nova de significado. Disse-nos Jesus: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!” (Jo 14, 27) e ainda: “Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!” (Mt 5, 9).
A paz que Cristo nos comunica não pode se confundir com um conceito de paz que as vezes assalta a nossa mente e que nos deixa imobilizados, passivos diante dos desafios de cada tempo. Não se confunde com a imperturbabilidade do mundo, é dinâmica.
Logo, os bem-aventurados não são os colocados em um pedestal ou dentro de uma redoma de vidro – não conheço um santo sequer que tenham vivido este tipo de “pacividade” –, eles eram pacíficos, mas promoveram a paz de Jesus incendiando o mundo com sua doutrina e denunciando tudo aquilo que contradizia a presença do Reino.
Em várias de minhas visitas às diferentes comunidades de nossa querida Diocese eu explico que a paz de Cristo não é como a paz do mundo, que é transitória, passageira e fugaz, mas é aquela que aquece e enche nossos corações, e nos deixa inquietos quando não percebemos os sinais da presença do Reino de Cristo atuando no mundo.
O mundo reconhecerá que somos discípulos do Mestre por nosso modo de viver que leva a sua paz. Deste modo todo verão que Ele continua agindo em cada um: transformando corações e mentes, colocando-nos em uma atitude de acolhimento e disponibilidade para não só ouvirmos a Palavra, mas para nos deixarmos plasmar por ela, fazendo de cada um de nós novas criaturas.
A paz também é fruto do Espírito Santo (cfr. Gl 5, 22) e onde damos entrada ao Espírito tudo se transforma e nada permanece como estava. Sejamos dóceis às suas inspirações para também sermos dignos de sua paz.
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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