O Corpo de Deus

quarta-feira, 03 de junho de 2015

Caros amigos, o mistério da Encarnação do Filho de Deus se renova todos os dias, quando se celebra a Eucaristia no altar de Deus. Nossa fé nos transmite esta verdade consoladora e forte. Não cessemos de meditá-la todos os dias.

Um antigo hino Eucarístico, datado do século XIII, mas provavelmente mais antigo, o “Ave verum”, canta: “Salve verdadeiro Corpo nascido da Virgem Maria, que verdadeiramente padeceu e foi imolado pela humanidade na cruz, cujo lado transpassado jorrou água e sangue. Sê para nós garantia na hora da morte. Ó doce Jesus, ó Jesus piedoso, ó Jesus filho de Maria”.

Mas como é possível? Como a carne do Filho de Deus pode ser alimento!? Este assombro ante o milagre da Eucaristia transporta-nos para a Sinagoga de Cafarnaum, quando “os judeus discutiam entre si: ‘como é que ele pode dar a sua carne para comer?’. E Jesus disse: ‘Em verdade, em verdade, vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele’”. (Jo 6, 52-56)

Este mistério de amor, confeccionado pelas mãos do sacerdote e dado aos fiéis em todas as Santas Missas, é o ápice da vida sacramental da Igreja. Pois, nele, não recebemos uma graça particular, mas o próprio “Autor de toda graça”, origem e meta única de nossa existência.

Por este motivo, muitos santos dividiam seu dia em duas partes: antes da Eucaristia, como uma preparação para receber o Corpo de Cristo, e depois da Eucaristia, em ação de graças por tão grande dom. Santo Inácio de Antioquia, no século II, dizia que os “Amigos de Deus” vivem “segundo o domingo” (Cfr. Carta aos Magnésios, 9), ou seja, têm a celebração da Eucaristia como centro de sua semana, e vivem os demais dias sempre em referência ao Santo Sacrifício.

Esta “adoração viva e cotidiana” é indispensável a todo cristão, por ela somos libertos do relativismo da modernidade, marcado pelo egoísmo e pela lógica do descartável. Neste sentido, a Eucaristia constitui uma espécie de “antídoto” que opera nas mentes e nos corações dos que creem, e continuamente semeia neles a lógica da comunhão, do serviço, da partilha, em suma, a lógica do Evangelho.

No próximo dia 4 celebraremos a “Festa do Corpo de Deus”. Adoremos o Deus que nos salva e sintamos sua força em nós!

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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