Natal de Jesus, festa da família

Caros irmãos, dentro das responsabilidades de meu ministério episcopal uma prioridade pastoral que gostaria de trazer a nossa reflexão para este Natal é a evangelização das famílias. A reflexão acerca da família que Deus escolheu para que em seu seio nascesse Jesus Cristo leva-nos a uma consideração atenta sobre o valor insubstituível da família dentro da sociedade.

Por isso, vemos com preocupação um grande número de famílias abaladas pela infidelidade conjugal, pelo alcoolismo e outras drogas, pela preocupação exagerada com o trabalho que afasta os pais dos filhos e planta a desunião entre os cônjuges, pela falta de fortaleza dos cônjuges nas dificuldades da vida...

O escritor Rui Barbosa expressou-se, a este respeito, de forma muito significativa. Disse: “A pátria é a família amplificada. Multiplicai a família e tereis a pátria”. A família é bendita criação de Deus, e por isto mesmo foi o lugar escolhido para o nascimento de seu Filho Único. Todo ser humano tem direito a nascer em uma família, nela crescer e dela aprender os princípios fundamentais da humanidade.

Não somos criaturas isoladas no universo, somos consequência de uma cadeia de vida que incessantemente se renova. O Beato João Paulo II, quando visitou o Brasil em 1991, comentando a frase evangélica “O homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher; e serão os dois uma só carne” (Mt 19,5), disse: “Pensemos quantas vezes se cumpre esta mesma instituição divina em todo este imenso Brasil. Basta que os esposos permaneçam fiéis aos desígnios do Deus-Criador, que é o Pai de toda criatura. (...) Amar quer dizer não só desejar mas respeitar, merecer e aprender o mútuo respeito e, tendo sempre diante dos olhos o vínculo que une no matrimônio dois seres humanos. Amar é ter a consciência de que tal ligame é indissolúvel, dura, por instituição divina até a morte” (17/10/1991).

Deus demonstra seu perene amor ao enviar-nos seu Filho. Do mesmo modo, o amor humano é chamado a ser perene, duradouro, indissolúvel. Não é possível pensar que alguém seja capaz de entregar somente parte de sua vida a outro. Quando se entrega a vida, só é possível entregá-la toda! Assim fez Deus conosco em Belém e no Calvário, assim devem fazer os esposos cristãos, também assim os consagrados e as consagradas.

Deus feito homem, em Belém de Judá, grita ao mundo que o amor ou é total, ou não existe. Celebremos o Natal esforçando-nos por viver este amor total com Deus e com os irmãos, e, em primeiro lugar, em nossas famílias.

Dom Edney Gouvêa Mattoso,

Bispo Diocesano de Nova Friburgo