Mãe imaculada, Mãe compadecida

terça-feira, 05 de dezembro de 2017

Caros amigos, na próxima sexta-feira, 8, a Igreja celebra a Imaculada Conceição, pois “a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original” (Ineffabilis Deus, 41). Ou seja, pelos méritos de seu filho, Maria rompeu os laços do pecado e tornou-se, para todos os viventes, sinal luminoso de esperança e vitória sobre satanás e todo mal.

No contexto hodierno, a antiga serpente continua tentando apagar do coração do homem a chama do amor de Deus, pois sabe que o enfraquecimento da verdadeira fé, também destrói o amor humano. Como ensina o Concílio Vaticano II: “Pelo esquecimento de Deus, a própria criatura torna-se obscura” (GS 36).

Há poucos dias, acompanhamos o caso de uma jovem que, assessorada pelo PSOL, pediu ao Supremo Tribunal Federal o “direito” de assassinar seu filho que já estava na sexta semana de gestação. A alegação era a falta de recursos financeiros e sua responsabilidade materna. Mas, como uma “maternidade responsável” poderia ser argumento para que uma mãe pusesse a perder a vida do próprio filho? Ações como esta e a grande campanha que algumas mídias fazem em defesa do aborto mostram que estamos nos afastando do amor de Deus.

Não é demais recordar que “nunca é lícito, nem sequer por razões gravíssimas, fazer o mal, para que daí provenha o bem; isto é, ter como objeto de um ato positivo da vontade aquilo que é intrinsecamente desordenado e, portanto, indigno da pessoa humana, mesmo se for praticado com intenção de salvaguardar ou promover bens individuais, familiares, ou sociais” (Humanae vitae, 14).

Maria, ao dizer sim ao anjo (cfr. Lc 1,38), abraçou todas as consequências da maternidade, apesar das quase inexistentes garantias sociais ou econômicas em que vivia. Seu exemplo materno apoia-se no amor incondicional por seu filho: seja na concepção, na hora da cruz ou na glória do céu; e assim, a vida de Nossa Senhora alcançou plena realização. Uma vida privada de um amor grande o suficiente, capaz de renúncias e sacrifícios, é vazia de sentido.

São belas e cheias de verdade as palavras do papa emérito, Bento XVI: “Também o sim ao amor é fonte de sofrimento, porque o amor exige sempre expropriações do meu eu, nas quais me deixo podar e ferir. O amor não pode de modo algum existir sem esta renúncia mesmo dolorosa a mim mesmo, senão torna-se puro egoísmo, anulando-se deste modo a si próprio enquanto tal. Sofrer com o outro, pelos outros; sofrer por amor da verdade e da justiça; sofrer por causa do amor e para se tornar uma pessoa que ama verdadeiramente: estes são elementos fundamentais de humanidade, o seu abandono destruiria o mesmo homem” (Spe Salvi, 39).

Nisto também se manifesta em nós a imagem de Deus, que sendo impassível, quis compadecer-se de nós. Podemos dizer igualmente que a Virgem Imaculada, cheia de graça, é também a Virgem Compadecida, cheia de sofrimentos, pois sofre com as dores de seus filhos, o que de modo algum apaga sua alegria! Pois, a realidade fortalece a verdadeira alegria, que se encontra mais facilmente nos esforços assumidos por amor do que em uma vida cômoda e egoísta.

Celebremos a Imaculada Conceição de Maria, sinal do cuidado de Deus! Celebremos a Virgem Compadecida, que é espelho do belo amor! Celebremos todos aqueles que creem no evangelho, pois sua generosidade abre-se à vida e aquece o mundo com a divina alegria que brota da cruz!

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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