Luz que ilumina as trevas

terça-feira, 30 de abril de 2019

Caros amigos, a realidade que nos cerca, faz nascer em nossos corações o desejo de um mundo novo, transformado pela verdade e pela justiça. Vivemos tempos conturbados, ávidos de caridade, ordem e respeito. A violência crescente, o descaso com a educação e com a saúde ferem a dignidade de quem teve a vida conquistada pelo sangue redentor de Jesus. As situações que se apresentam destroem a esperança e nos fazem acreditar que nada se pode fazer para vencer as tantas injustiças.

Nesta semana em que continuamos celebrando a ressurreição de Jesus, mistério central da fé cristã, Deus, em sua infinita bondade, nos faz compreender melhor as riquezas inesgotáveis do batismo que nos purifica, do espírito que nos renova e do sangue que nos redime (cf. Oração da Coleta 2º Domingo da Páscoa). Na verdade, Jesus Cristo, ao vencer a morte na cruz e conceder-nos vida nova em sua ressurreição, encoraja e fortalece a humanidade na luta contra a obra do mal. O silêncio do sepulcro vazio torna-se um brado de vitória que ecoa no coração de quem põe sua esperança no Senhor: o mal não triunfa para sempre. Deus está conosco!

O Papa Francisco dirigindo-se aos jovens, anima toda a Igreja lembrando que Deus nunca nos abandona. “O ressuscitado, que te chama e espera por ti para recomeçar. Quando te sentires envelhecido pela tristeza, os rancores, os medos, as dúvidas ou os fracassos, Jesus estará a teu lado para te devolver a força e a esperança” (Chistus vivit, 2).

Por isso, não podemos nos cansar de fazer o bem. Enfim, dar nossa contribuição. No batismo, Deus acende no homem a chama viva do seu espírito e o torna participante de sua missão. Somos iluminados pela ressurreição para iluminar os recantos deste mundo dominado pelas trevas da morte. Vivendo no ressuscitado e cheios do seu Espírito Santo, os cristãos se tornam agentes transformadores do mundo, não somente na superfície aparente das coisas, mas no profundo das estruturas humanas e sociais. A vida nova conquistada por Jesus se faz sentir de hoje pelas obras, fruto da fé em um Deus que renova todas as coisas (cf. Tg 2,18; 2Cor 5,17).

Não há outro caminho para as necessárias transformações sociais de nosso país, senão o de sairmos ao encontro dos problemas mais urgentes de nossos irmãos. Precisamos superar as distâncias construídas entre nós e mostrar o rosto misericordioso de Deus, que nos foi dado em Jesus. De fato, a Igreja e a nação devem estar unidas com os melhores propósitos de independência, fraternidade e colaboração mútua.

Superemos todos os partidarismos que polarizam a família humana. Unamos nossas forças para romper com as estruturas cristalizadas que tanto ferem o bem comum e a dignidade humana. É preciso rejeitar o mal desde a sua origem, assumindo a responsabilidade de zelar pelo bem integral da pessoa e do ambiente em que vivemos. Apesar das nefastas consequências do pecado, somos fortalecidos pela graça divina que habita em nossos corações, chamados a “quebrar os hábitos rotineiros, renovando a nossa vida, as nossas escolhas e a nossa existência” (Papa Francisco, 31 mar. 2018). Aproximando-nos de cada situação devemos transformá-las a partir de dentro.

Um olhar esvaziado de fé encontrará sempre o rastro sujo dos semeadores do ódio. Entretanto, com a graça de Deus, é possível iluminar com o resplendor da vida nova em Cristo inclusive os ambientes mais corrompidos. Não percamos a confiança no que há de bom em cada um de nós e em nossos irmãos. Basta um pouco de amor e dedicação para que a luz da ressurreição se espalhe por todo o mundo e faça germinar as sementes do bem que existem entre nós.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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