Lumen Gentium: constituição para falar da Igreja

terça-feira, 16 de julho de 2013

Caros amigos, continuamos nossos estudos relacionados ao Ano da Fé, tempo que a Providência preparou para que pudéssemos refletir um pouco sobre o Concílio Vaticano II, sua doutrina e sua atualidade. 

A leitura dos textos conciliares deve ser feita sob a ótica da continuidade e da renovação, e não da ruptura e da descontinuidade, o que indicaria uma "invenção eclesial”, que não é o desejo de Jesus Cristo.

O Concílio Vaticano II é histórico e teve seu lugar no tempo, entrando no catálogo dos concílios da Igreja. Nesse momento, ele pertence à memória assimilativa da Igreja que vai lentamente, ora assumindo mais um ponto, ora resistindo a outros, e sempre redescobrindo afirmações fundamentais e atuais. Deste modo, todas as comemorações são importantes, pois são excelentes ocasiões de balanços para medir até onde e como nós católicos temos assimilado a riqueza oferecida pelo Concílio.

A Constituição Dogmática Lumen Gentium fala sobre a Igreja. O pano de fundo desta constituição é a questão: "Igreja, que dizes de ti mesma?”. Pergunta fundamental, pois a Imagem que temos da Igreja é fundamental para direcionarmos nossos planos de pastoral, trabalhos e vida de fé.

O início da constituição é brilhante e profundo na resposta a esta pergunta. Diz assim: "Sendo Cristo a luz dos povos (lumen gentium), este Sacrossanto Sínodo, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente anunciar o Evangelho a toda criatura e iluminar todos os homens com a claridade de Cristo, que resplandece na face da Igreja” (n. 1).

Quem é a luz dos povos? Jesus Cristo é a luz dos povos. E a Igreja? É "como um sacramento” que reflete esta luz de Cristo na pureza de sua face: esta é a essência o a missão íntima da Igreja desde o início dos tempos, e o será até sua consumação final. Continuando o texto vemos o motivo do anúncio eclesial da pessoa de Jesus Cristo: "A Igreja é, em Cristo, um sacramento, ou sinal e instrumento, da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano (...) a fim de que os homens, hoje mais intimamente unidos pelos por vários vínculos sociais, técnicos e culturais, alcancem também total unidade em Cristo” (n. 1).

Nesta sucinta introdução, chegamos à conclusão de que a reflexão sobre a Igreja só é possível a partir da fé (cfr. Catecismo, 770). Não a compreenderíamos se simplesmente o fizéssemos pelas ciências humanas, o que seria um estreitamento brutal de horizontes. Que Deus nos conceda crescer na fé para melhor amarmos a sua Igreja uma, santa, católica e apostólica.


TAGS:

Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.