Lectio divina

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Caros amigos, preocupa-me que alguns fiéis vejam a Bíblia como um livro difícil e distante de sua realidade. Por isso, com este artigo, desejo que todos se interessem pela sua leitura contínua e orante.

A “lectio divina”, expressão latina que pode ser entendida como “leitura divina”, “leitura sacra” ou “leitura orante da Bíblia” é um excelente modo para que os fiéis tenham um fecundo contato com a palavra revelada. Sua origem remonta à Orígenes, no século 3, entrando posteriormente em todas as regras monásticas antigas. Sua sistematização deve-se a Guido II, o cartuxo, no século 13 e, até hoje é pregado e amplamente incentivado para uso de todos os fiéis. (Cfr. Dei Verbum, 25 e Verbum Domini, 86).

Segundo sua proposta mais difundida, a “leitura divina” é composta de quatro passos: 1º lectio (leitura); 2º meditativo (meditação); 3º oratio (oração) e 4º contemplatio (contemplação). A leitura é o primeiro contato com o texto, devendo ser calma e pausada. É fundamental que o texto seja lido mais de uma vez e os termos menos usuais sejam esclarecidos com a ajuda de um dicionário.

Este é o momento em que identificamos as personagens, o ambiente, a circunstância da palavra lida e seu lugar no conjunto das Sagradas Escrituras. A meditação precisa ser um contato mais pessoal e profundo com o texto, que deve ser confrontado com a realidade. Guido II dizia que é necessário utilizar a razão e o bom senso para encontrar as verdades escondidas no texto. É o momento de “descobrir-se” com a ajuda da Palavra de Deus: o que o texto diz para mim? Qual é a sua semelhança como os nossos dias? O que preciso mudar em minha vida?

Este diálogo interior provocado pela meditação precisa dar um passo a mais: a oração. Neste momento, a alma deve dirigir-se a Deus. “Ele nos fala quando lemos os divinos oráculos” (Santo Ambrósio), e, portanto, inspira em nós uma “reação”. Não é questão de dizer palavras ou formular discursos, mas de reagir ao toque suave de Deus, que poderá ser um sincero ato de contrição, louvor, adoração ou uma súplica. Todas estas ações são oração enquanto resposta à Palavra de Deus.

Por fim, a contemplação é a hora do Senhor, o momento em que o fiel, guiado pelo Espírito Santo, “enxerga” uma verdade sagrada, algo que não são palavras, mas que fica profundamente gravado no coração. Por exemplo, a certeza de que Deus é providente. Este entendimento torna-se, assim, o alicerce para toda a vida.

Faça esta experiência! A Bíblia foi escrita para você!

 

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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