A insensibilidade do discípulo

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Caros amigos, ser cristão é belo e ao mesmo tempo muito exigente. Nosso Senhor ofereceu aos seus discípulos a cruz e o mandamento do amor fraterno como distintivos do discipulado: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16, 24) e “quem não carrega sua cruz e não caminha após mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,27) e, ainda, “nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35).

Nesta escola, portanto, o discípulo deve confrontar-se todos os dias com a cruz, que consiste em suportar e abraçar nossos próprios pesos e também as cargas do irmão; e com o amor, que dá sentido a todas as cruzes e nos assemelha a Deus, que é amor.

Concordo que esta exigência pode parecer ainda maior por causa da cultura em que estamos imersos. O Papa Francisco usa os termos “globalização da indiferença” e “cultura do bem-estar” para denunciar este mal que poderíamos chamar também de insensibilidade do discípulo (Cfr. EG 54).

O mestre sempre lutou contra esta situação, que é inimiga do homem e da mulher de fé. Pois ouvir a voz de Deus e seguir seus mandamentos, amá-lo sobre todas as coisas e fazer o bem ao próximo são atitudes exigentes, que pedem de nós esforço e uma sensibilidade apurada.

É fácil construir castelos de ilusão sobre uma vida cômoda e aparentemente devotada à causa do Evangelho, mas outra será a perspectiva daquele que se dispor ao serviço concreto do reino de Deus, amando aos irmãos com o amor de Jesus.

De fato, não se pode servir a Deus senão pela contínua luta contra as próprias paixões e vícios, que insensibilizam o coração e não nos permitem ouvir os convites e apelos divinos.

Em contrapartida, a tradição da Igreja sempre recomendou o exame de consciência e a oração como armas poderosas para assegurar a fidelidade a Deus. Algo precisa despertar todos os dias na alma de um discípulo! E é a partir do olhar crítico para consigo mesmo e do confronto cotidiano com o alto ideal de sua vocação, que o cristão poderá vencer a insensibilidade que o espreita e assola a sociedade que estamos vivendo.

Este convite, porém, Deus o faz com suavidade e paciência a cada um de nós. Seu olhar é sempre de misericórdia: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei em sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo” (Ap 3, 20).

Oxalá encontre uma resposta generosa, ao menos, em nossos corações. Deus abençoe a todos.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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