Imagem e semelhança de Deus

Caros amigos, hoje em dia muitas opiniões são ventiladas nos meios de comunicação sobre a dignidade humana e seus direitos, afinal, todos queremos respeitados os nossos direitos, que têm seu fundamento na dignidade de todos os seres humanos. Entretanto, em que consiste esta dignidade?

O livro do Gênesis claramente diz que a dignidade humana reside em ter sido criado à “imagem e semelhança de Deus”! (Cfr. Gn 1,26-27.) Explica o Catecismo da Igreja Católica: “Porque foi feito ‘à imagem de Deus’, o indivíduo humano possui a dignidade de pessoa: ele não é somente alguma coisa, mas alguém. É capaz de se conhecer, de se possuir e de livremente se dar e entrar em comunhão com outras pessoas. E é chamado, pela graça, a uma Aliança com o seu Criador, a dar-Lhe uma resposta de fé e amor que mais ninguém pode dar em seu lugar”. (Catecismo, 357.)

Logicamente, a imagem e semelhança de Deus não consiste em traços fisionômicos, pois o Deus Todo-Poderoso não tem órgãos ou ossos, como possuem os homens. Na verdade, se julgarmos o homem somente pelo seu exterior, sua anatomia é tão característica como a de qualquer outro animal, também outras reações anímicas como a amizade, a gratidão e tristeza encontram simulacros nos demais viventes. Entretanto, é na inteligência e na vontade que a “semelhança com Deus” se manifesta. Assim, a raiz da singular dignidade humana não está em seu físico ou em manifestações anímicas quaisquer, mas reside em seu interior: na possibilidade que tem de conhecer e amar, isto faz do ser humano uma “pessoa”, vocacionado à relação interpessoal, sobretudo a essencial e íntima participação na Vida de seu Criador.

Criado pela liberalidade do amor de Deus e para amá-lo livremente; chamado a coexistir em relação pessoal com os outros homens, seus irmãos; possuidor de uma interioridade riquíssima, aberta ao encontro consigo mesmo e ao crescimento pessoal; posto no mundo para cuidar responsavelmente da criação inteira, usando suas potencialidades: tal é o homem, imagem e semelhança de Deus. Deste modo ele foi criado, no princípio, e para isto é chamado em todos os tempos.

O pecado o desviou deste fim, mas Cristo o resgatou para que retornasse ao Paraíso por graça e misericórdia. Diante de tal milagre, exclamava são Leão Magno: “Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Uma vez constituído participante da natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias da tua vida passada”. (Cfr. Catecismo 1691.)

Em tempos pascais, meditemos sobre esta plenitude de vida em Deus! Amém.