Igreja Una e Católica

 Caros irmãos, as consequências práticas da verdade sobre a "Igreja de Cristo” são inúmeras. Em uma sociedade onde muitos procuram uma "política da boa vizinhança” em tudo o que se ouve e se vê, é muito fácil que a verdade seja vendida a preço baixo. Assim, cabe-nos, por missão, defendê-la.

Diferente da questão sobre a "santidade” da Igreja, que é comumente combatida por uma má interpretação, onde as pessoas confundem a santidade dos membros particulares com a santidade dada por Cristo e garantida pela assistência do Espírito Santo à Igreja, em sua fundação; no que diz respeito à unidade e catolicidade da Igreja, há quem seja discorde por uma simples deficiência do ato de fé, ou seja, não quer crer nestas verdades.

Nos números 12 a 14 da Lumen Gentium, aparecem temas como: validade do evangelho para todos os povos e culturas de todos os tempos, infalibilidade do "sensus fidei” (sentido da fé) do conjunto do povo de Deus, crescimento progressivo da inteligência da fé, variedade de dons e carismas — ordinários e extraordinários — concedidos pelo Espírito Santo à Igreja, inculturação, tradições particulares e primado petrino em função da unidade do povo de Deus, necessidade da Igreja para a salvação e critérios para a plena comunhão na Igreja.

Todos estes assuntos merecem a devida explicação, entretanto, o espaço de que dispomos não nos permitirá chegar a todos. Gostaria, assim mesmo, de tratar agora a "validade universal do evangelho”.

O Evangelho de Jesus Cristo não pode ter reduzida sua validade a um lugar, tempo ou cultura específicos, mas é dirigido a todos os homens, criados por Deus e chamados a salvação. Por este motivo, a Igreja de Cristo não deve ser entendida como uma particularidade histórica e geográfica, mas como expressão deste "Povo, que, permanecendo uno e único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os séculos, para se cumprir o desígnio da vontade de Deus que, no princípio, criou uma só natureza humana e resolveu juntar em unidade todos os seus filhos que estavam dispersos (cfr. Jo. 11,52)” (LG 13).

A caridade verdadeira exige a unidade de todos em um único corpo, respeitando as legítimas diversidades e recebendo da diversidade valores que, purificados pelo único Evangelho, revela o Plano de Deus que quis que fôssemos dependentes uns dos outros e reunidos "em um só rebanho, sob um único pastor” (cfr. Jo 10, 16). Que nosso sentir e agir nunca nos separe da verdadeira unidade católica, mas contribua sempre mais para ela.