Ide e ensinai

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Caros amigos, o mandato missionário que o Senhor Jesus dirigiu à Igreja  antes da sua ascensão - “Ide, pois, fazei discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo...” (Mt 28, 19-20) -, é essencial para que sua identidade seja compreendida no mundo. Este mandato revela também algo da estrutura fundamental do próprio homem que é dotado de razão e capaz de aprender. Por isso, a Igreja não pode renunciar ao ensino, que é um dos pontos essenciais de sua missão (Cfr. AG 1; Catecismo 849).

A capacidade de aprender acompanha o homem durante toda a vida, enquanto o indivíduo puder fazer uso de suas faculdades intelectivas. Sendo assim, é uma necessidade natural e também um direito fundamental, de tal modo que, privar o ser humano deste bem é uma grande violência. Nesta citação, Nosso Senhor também apresenta o conteúdo da missão da Igreja: “Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado” (v. 20). Sabemos que muitos outros conteúdos são necessários para a formação humana: seja para interagir com a sociedade, seja para crescer como pessoa.

Ante a beleza e complexidade do ser humano, a educação será mais verdadeira na medida em que levar em consideração uma visão mais global e realista do homem. Portanto, não é suficiente  ensinar a trabalhar, pois somos mais do que trabalhadores; não basta ensinar a se comunicar ou respeitar as leis e boas maneiras; como também, não basta ensinar a religião, se esta for desencarnada de todas as outras áreas da vida. Pois, é a capacidade de relacionar-se com o mundo que marca e dá sentido a existência humana, desde o relacionamento com Deus até a relação aparentemente mais distante com a sociedade global, que compartilha os mesmos desafios do nosso tempo e as mesmas responsabilidades éticas.

Infelizmente, a procura de “resultados” através da educação, como o ingresso em um nível superior de ensino ou a aprovação em um concurso, nubla ou retira por completo o foco do seu verdadeiro objetivo, o crescimento da “pessoa” integralmente. Assim, em razão da dignidade humana, a educação deve ser pensada como “um processo em que cada pessoa possa desenvolver as próprias atitudes profundas, a própria vocação e assim contribuir para a vocação da comunidade” (Educar para o humanismo solidário, nº 8)

É triste perceber que nas empresas ou comunidades, inclusive religiosas e até mesmo no seio da família, corremos grande perigo de sermos valorizados por nossa função, pelo lucro que geramos ou pelo cumprimento de metas, e não pela inigualável e inestimável dignidade que temos plasmada à imagem e semelhança de Deus.

No cumprimento de sua missão, a Igreja precisa mais uma vez levantar a voz e transmitir ao mundo os ensinamentos de Jesus Cristo. Em sua caridade Cristo ama a todos em sua singularidade. Nós não podemos admitir “lobbies” ideológicos ou institucionais que focalizam resultados ou soluções egoístas. Mas, devemos, inspirados pelo exemplo daquele que veio para que “todos tenham vida e a tenham em abundância”(Cfr. Jo 10, 10), construirmos uma educação que propicie o desenvolvimento pleno do homem.

Esta é a Boa Nova que alegra o mundo: o amor de Deus é incondicional e é o modelo para todas as relações humanas (Cfr. 1Jo 4, 7-21). No início deste novo ano letivo, reflitamos se a educação aplicada a nossas crianças e jovens favorece o amadurecimento integral, se auxilia na correção das inclinações desordenadas além de excitar e ordenar as que são boas, se ilumina a inteligência e fortalece a vontade com a verdade (cfr. Divini illius magistri). Pois, somos uma realidade complexa, dotada de inteligência, vontade e sensibilidade, onde subsiste a capacidade de nos relacionarmos com Deus e os irmãos de modo humano.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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