Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida

segunda-feira, 13 de março de 2017

Caros amigos, a Quaresma, tempo rico em graças no Ano Litúrgico, aponta-nos sempre para o horizonte da fraternidade, que dá sentido a toda prática religiosa. Em palavras do apóstolo Tiago: “Irmãos, que adianta dizer que tem fé, quando não tem obras? A fé seria capaz de salvá-lo? (...) Assim como o corpo sem o espírito é morto, assim também a fé, sem as obras, é morta” (Tg2, 14.26). É importante notar que neste segundo capítulo da carta de São Tiago o tema são as obras de caridade, que são contra a acepção de pessoas e a favor da ajuda aos menos favorecidos. 

A Campanha da Fraternidade, que surgiu por inspiração do saudoso Dom Eugênio de Araújo Sales, visa contextualizar o espírito cristão de amor e justiça na realidade atual de nosso país. Além da reflexão e conscientização de temas importantes para nossa sociedade, a evangelização exige obras concretas que se multiplicam por todo o território nacional como fruto do jejum de tantos irmãos e irmãs. Vale a pena procurar no site do Fundo Nacional de Solidariedade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a prestação de contas dos últimos projetos sociais financiados por nossa contribuição nas Campanhas da Fraternidade anteriores. 

Este ano, o tema escolhido para nossa meditação foi o dos biomas brasileiros e a defesa da vida. Na Encíclica “Laudato si”, o Papa Francisco destaca a íntima relação entre os pobres e a fragilidade do planeta, assim como a necessidade de uma ecologia integral, que vise o verdadeiro progresso do homem e a proteção dos menos favorecidos relacionada à preservação da Terra. (Cfr. LS, 16) 

Nós, por exemplo, vivemos no bioma da Mata Atlântica. Nele encontramos uma imensa variedade de fauna e flora, mas também o bioma mais maltratado do Brasil, que vem mostrando sua fragilidade: “desmoronamentos, falta de saneamento básico, a concentração urbana rápida e sem planejamento causou ocupação de áreas de risco, de mananciais, encostas de morros, compactou solos, mudou o clima e a qualidade do ar pelos gases das indústrias e dos veículos movidos a combustíveis fósseis”. (CF 2017, 138) 

Em 2009, o Papa Emérito Bento XVI já alertava que o cuidado com o meio ambiente “é exigido não só pelas emergências ambientais, mas também pelo escândalo da fome e da miséria” (26/08/2009).

Cabe a nós, portanto, a atitude evangélica e evangelizadora de motivar medidas públicas de preservação do meio ambiente em atenção aos mais necessitados expostos às nocivas consequências da degradação da Mata Atlântica. Deus abençoe a todos! 

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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