Fidelidade à vocação

segunda-feira, 03 de agosto de 2015

Caros amigos, tradicionalmente o mês de agosto é dedicado à reflexão sobre as vocações específicas na comunidade dos discípulos de Jesus. Sabemos que “não falta dom algum aos que esperam a revelação de Nosso Senhor Jesus Cristo” (ICor 1, 7),  porém cada indivíduo “manifesta dons diferentes, segundo a graça que lhes foi dada” (Rm 12, 6).

Esta graça única e intransferível é a vocação, chamado de Deus ao homem, para que este participe de seu projeto salvador. Assim, podemos dizer que a maturidade cristã de uma comunidade mede-se também pelas vocações bem vividas que possui.

Disse o Papa Francisco que “a vocação é um fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor de uns pelos outros que se faz serviço recíproco, no contexto duma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno” (51º dia de oração pelas vocações). Assim, a vocação é feita de chamado e resposta, convite e acolhida, graça divina e tarefa humana. Ela é um diálogo que torna a alma humana fecunda em boas obras (Cfr. Mt 13, 8).

Quando, entretanto, o homem resiste a este chamado e entrega-se ao medo de dizer sim a Deus, sua alma perde a vitalidade. Isto porque sem o toque da graça divina o coração humano permanece como um deserto estéril, impróprio para vida e para a comunhão. Deste estado deriva uma tristeza muito característica, que vem acompanhada da inveja, do ciúme, da amargura, e de tantos outros maus sentimentos tão comuns em nossa sociedade.

Quantas pessoas adoecem, não tanto porque não receberam atenção e amor, mas porque são incapazes amar? No Evangelho, Jesus Cristo é categórico quando diz: “Quem quiser salvar a sua vida a perderá, e quem perder a sua vida por causa de mim a salvará” (Lc 9, 24).

A este respeito, gosto muito da comparação da vela. Todos sabemos que a vela foi feita para iluminar. Esta é a sua vocação e, por isso, nunca se realizará plenamente até que a acendam. Certamente o preço de seu fulgor é alto. Pois, a vela consome-se no processo! Contudo, de que serviria uma “vela encaixotada”? Ela só acumularia impurezas ou, então, ficaria esquecida, eternamente embrulhada dentro de uma embalagem que a protege na mesma medida que se interpõe a sua plena realização. O Evangelho nos ensina que: “Não se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma caixa” (Mt 5, 15). Rezo para que todos sejam muito felizes, bem vivendo a sua própria vocação.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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