Festa do Corpo e do Sangue de Cristo

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Caros leitores, em nossa última reflexão falávamos sobre a unidade, dom de Deus para sua Igreja que dá a esta uma de suas notas fundamentais. Agora, depois de celebrada a Solenidade do Corpo e do Sangue de nosso Senhor, não poderemos fugir deste mesmo tema da unidade.

São Paulo, cumprindo o encargo de entregar a autêntica tradição apostólica nos diz: “Eu vos falo como a pessoas esclarecidas. Ponderai vós mesmos o que eu digo: O cálice da bênção, que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? E o pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão” (ICor 10,15-17).

Portanto, a Igreja que se alimenta da Eucaristia, encontra nela a força vital que a mantém unida. A desagregação é própria dos organismos mortos, e a unidade é característica dos vivos. De modo semelhante, a Igreja se divide e decompõe quando o pecado, fator de morte, entra em suas estruturas. Por outro lado consegue crescimento e vitalidade quando seus filhos e filhas são fiéis a Deus.

Recordo a frase de Orígenes, já citada no artigo anterior: “Onde há pecados, aí se encontra a multiplicidade, o cisma, a heresia, o conflito. Mas onde há virtude, aí se encontra a unicidade e aquela união que faz com que todos os crentes tenham um só coração e uma só alma” (PG 13, 732). Assim, o pecado e a desunião é sinal de nossa fraqueza e de nossa ignorância a cerca das verdades do evangelho, ao passo que todos os esforços na direção do conhecimento da verdade de Jesus Cristo (cfr. IIPe 3,18) e da unidade entre os cristãos é nosso dever.

Entretanto, todos os nossos esforços seriam vazios sem o auxílio do “pão da unidade”, a Eucaristia, que não contém simplesmente uma graça, mas traz em si o Autor de toda graça, Jesus Cristo, Senhor nosso. É apoiado na oração sacerdotal de Jesus: “Que todos sejam um” (cfr. Jo 17, 21), expressão do profundo desejo do Coração de Jesus e, por tanto, da vontade de Deus.

Alimentados pelo Corpo e Sangue do Senhor, que com tanta alegria e entusiasmo celebramos no dia de Corpus Christi, somos capazes da esperança de que um dia todos seremos um na Trindade Santa. Esperança que nos impulsiona ao trabalho árduo, generoso e sincero de construir o Reino de Deus em todas as nossas pequenas e grandes escolhas do dia a dia. Que nossa vida se assemelhe cada dia mais ao mistério que adoramos no altar.

A Eucaristia foi, é e será o sinal inequívoco da unidade de toda a Igreja.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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